Nos dias 03 a 04 de Fevereiro do corrente ano, estivemos representados em Dakar no Senegal , pelo nosso Diretor de Comunicação o companheiro Arnaldo Marcolino , durante a 4ª Conferência Mundial de Seguridade Social, que antecipou alguns assuntos que foram o centro dos dabates do FÓRUM SOCIAL MUNDIAL.realizado neste ano, neste país africano.
Após esta conferência , o companheiro Arnaldo , participou de debates até o final das atividades, no dia 16 de Fevereiro deste ano.
O Fórum Social Mundial foi centro de uma série de conferências, em especial a dos Movimentos Sociais, cuja declaração (trazida pelo nosso dirigente nacional Arnaldo Marcolino) transcrevemos na íntegra abaixo (traduzido do espanhol):
Declaração da Assembléia dos Movimentos Sociais
Fórum Social Mundial (Dakar - Senegal) – 10 de Fevereiro de 2011
Nós, reunidos na Assembléia dos Movimentos Sociais, realizada em Dakar durante o Fórum Social Mundial 2011, afirmamos a contribuição fundamental da África e de seus povos na construção da civilização humana. Juntos, os povos de todos os continentes, travamos lutas, nas quais nos opomos com grande energia à dominação do capital, que se esconde atrás da promessa de progresso econômico do capitalismo e da aparente estabilidade política. A descolonização dos povos oprimidos é um grande desafio para os movimentos sociais do mundo inteiro.
Afirmamos nosso apoio e solidariedade ativa aos povos da Tunísia e Egito e do mundo árabe que se levantam hoje para reivindicar uma real democracia e construir um poder popular. Com suas lutas mostram o caminho a outro mundo, livre da opressão e da exploração.
Reafirmamos com força nosso apoio aos povos da Costa do Marfim, da África e de todo o mundo em sua luta por uma democracia soberana e participativa. Defendemos o direito à autodeterminação de todos os povos.
No processo do Fórum Social Mundial, a Assembléia de Movimentos Sociais é o espaço onde nos reunimos, a partir de nossa diversidade, para juntos construir agendas e lutas comuns contra o capitalismo, o patriarcado, o racismo e todo tipo de discriminação.
Em Dakar celebramos os 10 anos do primeiro Fórum Social Mundial, realizado em 2001 em Porto Alegre, Brasil. Nesse período construímos uma história e um trabalho comum que permitiu alguns avanços, particularmente na América Latina, onde conseguimos frear alianças neoliberais e definir alternativas para um desenvolvimento socialmente justo e respeitoso da Mãe Terra.
Em 10 anos vimos também a eclosão de uma crise sistêmica, expressada por uma crise alimentar, ambiental, financeira e econômica que resultou em um aumento das migrações e deslocamentos forçados, da exploração, do endividamento e das desigualdades sociais.
Denunciamos o rol dos agentes do sistema (bancos, multinacionais, grupos de mídia, instituições internacionais etc.) que na busca do máximo lucro mantém com diversas faces sua política intervencionista através de guerras, ocupações militares, supostas missões de ajuda humanitária, criação de bases militares, extração dos recursos naturais, exploração dos povos, manipulação ideológica. Denunciamos também a cooptação que estes agentes exercem através de financiamentos de setores sociais de seu interesse e suas práticas assistencialistas que geram dependência.
O capitalismo destrói a vida cotidiana das pessoas. Porém, a cada dia nascem múltiplas lutas pela justiça social para eliminar os efeitos deixados pelo colonialismo, e para que todos e todas tenhamos uma qualidade de vida digna. Afirmamos que os povos não devem seguir pagando por esta crise sistêmica, a qual se mostra sem saída dentro do sistema capitalista.
Reafirmando a necessidade de construir uma estratégia comum de luta contra o capitalismo, nós dos movimentos sociais:
Lutamos contra as multinacionais porque sustentam o sistema capitalista, privatizam a vida, os serviços públicos e os bens comuns, como a água, o ar, a terra, as sementes e os recursos minerais. As multinacionais promovem as guerras através da contratação de empresas militares privadas, mercenários e da produção de armamentos. Elas reproduzem práticas extrativistas insustentáveis para a vida, monopolizam nossas terras e desenvolvem alimentos transgênicos que retiram dos povos o direito da alimentação e eliminam a biodiversidade.
Exigimos a soberania dos povos a partir do nosso modo de vida. Exigimos políticas que protejam as produções locais que dignifiquem as práticas no campo e conservem os valores ancestrais da vida. Denunciamos os tratados neoliberais de livre comércio e exigimos a livre circulação de seres humanos.
Seguimos nos mobilizando pela anulação incondicional da dívida pública de todos os países do hemisfério Sul. Denunciamos igualmente, nos países do hemisfério Norte, a utilização da divida pública como forma de imposição de políticas injustas e anti-sociais.
Mobilizemo-nos massivamente durante as reuniões do G8 e G20 para dizer não às políticas que nos tratam como mercadorias!
Lutamos pela justiça climática e pela soberania alimentar. O aquecimento global é resultado do sistema capitalista de produção, distribuição e consumo. As multinacionais, as instituições financeiras internacionais e governos a seu serviço não querem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.
Denunciamos o “capitalismo verde” e rechaçamos as falsas soluções para a crise climática como: os agrocombustíveis, os transgênicos e os mecanismos do mercado de carbono (como a REDD), que iludem as populações empobrecidas com o progresso enquanto privatizam e mercantilizam os bosques e territórios, onde viveram milhares de anos.
Defendemos a soberania alimentar e o acordo alcançado na Cúpula dos Povos contra as Mudanças Climáticas e pelos Direitos da Mãe Terra, realizada em Cochabamba, onde alternativas reais para a crise climática foram construídas com movimentos e organizações sociais e populares de todo o mundo.
Mobilizemo-nos todos e todas, em especial no continente africano, durante a COP-17 em Durban no Sul da África, e a Rio +20 em 2012, para reafirmar os direitos dos povos e da Mãe Terra e frear o ilegítimo acordo de Cancun.
Defendemos a agricultura familiar, que é uma solução real para a crise alimentar e climática e significa também o acesso à terra para a gente que ali vive e trabalha. Por isso, convocamos para uma grande mobilização para frear a monopolização de terras e apoiar as lutas rurais locais.
Combatemos a violência contra a mulher que é exercida com regularidade nos territórios ocupados militarmente, mas também contra a violência que sofrem as mulheres quando são criminalizadas por participar ativamente das lutas sociais. Lutamos contra a violência doméstica e sexual que é exercida sobre elas quando são consideradas como objetos ou mercadorias, quando a soberania sobre seus corpos e sua espiritualidade não é reconhecida. Lutamos contra o tráfico de mulheres, meninas e meninos.
Defendemos a diversidade sexual, o direito à autodeterminação de gênero, e lutamos contra a homofobia e a violência sexista.
Mobilizemo-nos todos e todas, unidos, em todas as partes do mundo contra a violência à mulher.
Lutamos pela paz e contra a guerra, o colonialismo, as ocupações e a militarização de nossos territórios. As potências imperialistas utilizam as bases militares para fomentar conflitos, controlar e saquear os recursos naturais e promover iniciativas antidemocráticas como fizeram com o golpe de Estado em Honduras e com a ocupação militar no Haiti. Promovem guerras e conflitos como fazem no Afeganistão, Iraque, na República Democrática do Congo e em vários outros países.
Intensifiquemos a luta contra a repressão dos povos e a criminalização dos protestos e fortaleçamos as ferramentas de solidariedade entre os povos como o movimento global de boicote, alienações e sanções contra Israel. Nossa luta dirige-se também contra a OTAN e pela eliminação de todas as armas nucleares.
Cada uma destas lutas implica em uma batalha de idéias, em que não podemos avançar sem democratizar a comunicação. Afirmamos que é possível construir uma integração de outro tipo, a partir do povo e para os povos e com a participação fundamental dos jovens, das mulheres, agricultores e dos povos tradicionais.
A Assembléia dos movimentos sociais convoca as forças e atores populares de todos os países para desenvolver duas ações de mobilização, coordenadas em nível mundial, para contribuir com a emancipação e autodeterminação de nossos povos e para reforçar a luta contra o capitalismo.
Inspirados nas lutas do povo da Tunísia e Egito, convocamos para que o dia 20 de março seja um dia mundial de solidariedade com o levantamento do povo árabe e africano que em suas conquistas contribuem para as lutas de todos os povos: a resistência do povo palestino e saharaoui, as mobilizações européias, asiáticas e africanas contra a dívida e o ajuste estrutural e todos os processos de mudança que se constroem na América Latina.
Convocamos igualmente para um dia de ação global contra o capitalismo o dia 12 de outubro onde, de todas as maneiras possíveis, rechaçaremos este sistema que destrói tudo por onde passa.
Movimentos sociais de todo mundo, avancemos em direção à unidade em nível mundial para derrotar o sistema capitalista!!
Nós venceremos!!!
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Declaração Mundial da Assembléia dos Movimentos Sociais, que antecedeu o FÓRUM SOCIAL MUNDIAL em Dakar-Senegal.
Postado por Chicão Ribeiro às 14:04
Marcadores: Direitos Humanos
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