Fonte: JM on-line - 19/07/08
Antes da lei de tolerância zero ao álcool no trânsito entrar em vigor, há quase um mês, os acidentes de trânsito – considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um problema de saúde pública – ocupavam o segundo lugar na causa de mortalidade externa no Brasil.
Apesar da dimensão do problema, há poucos dados fidedignos sobre os acidentes de trânsito e suas conseqüências em termos médicos e econômicos.
Para suprir essa deficiência de dados na literatura nacional, um grupo de pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) realizou um estudo para levantar informações sobre conseqüências econômicas do problema entre 2006 e 2007.
A pesquisa realizou um levantamento das vítimas de acidente de trânsito internadas no HCFMUSP, ao longo de um ano – de fevereiro de 2006 a janeiro de 2007 –, e constatou que, nesse período, houve internação de 455 vítimas de acidentes. Desse total, 257 necessitaram de cuidados de terapia intensiva, o que corresponde à ocupação de 17,89% dos leitos de UTI do hospital.
O custo médio da internação hospitalar de um acidentado de trânsito no hospital foi de R$ 47.588. Esse valor é muito superior, por exemplo, ao que é gasto com outros pacientes cirúrgicos do Sistema Único de Saúde (SUS), que é de R$ 1.400.
O tempo médio de internação em UTI de uma vítima de trânsito é de 32,28 dias, acarretando um custo médio de R$ 7.006,22, por dia.
O estudo constatou que quase um quinto da capacidade de leitos de UTI do HCFMUSP é ocupado por vítimas de acidentes de trânsito e gera um gasto de R$ 226.160,78 por acidentado durante o período de internação, valor 34 vezes maior que a despesa com o tratamento do paciente cirúrgico do SUS.
O estudo foi conduzido por Talita Zerbini, Mariana da Silva Ferreira, Adriana de A. Campos Ridolfi, Marcela Fernandes, Daniele Munõz Gianvecchio, Vilma Leyton e Daniel Munõz.
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