Fonte: A tarde on-line - 12/07/08
As denúncias de assédio moral no ambiente corporativo ocupam o primeiro lugar na lista de reclamações do Núcleo de Combate à Discriminação no Trabalho, do Ministério Público do Trabalho na Bahia.
Hoje existem 121 processos em andamento nesse núcleo, resultado de queixas registradas por vítimas de humilhações constantes partindo de chefes ou de colegas que, geralmente, estão em cargos hierarquicamente mais elevados.
“O assédio começa com uma brincadeira despretensiosa e termina se convertendo numa prática constante. Isso resulta na diminuição da auto-estima da vítima, até que ela não agüente mais e peça demissão ou, em casos extremos, pode até chegar ao suicídio”, relata o procurador Manoel Jorge e Silva Neto, que faz parte do núcleo que investiga este tipo de queixa.
PRIMEIRO MUNDO – Diferentemente do que se pode imaginar, o problema é recorrente até mesmo em países reconhecidos pelo alto nível de qualidade de vida. Na Suécia, por exemplo, entre 10% e 15% dos casos de suicídio estão relacionados ao sofrimento imposto pela pressão no ambiente de trabalho.
Outro dado que mostra que o problema não acontece somente em países subdesenvolvidos é a estimativa da Organização Mundial do Trabalho (OIT) que indica que 9% dos trabalhadores da União Européia – cerca de 12 milhões de pessoas – já foram vítimas de assédio moral.
No Brasil, a situação não é diferente, mas ainda faltam estatísticas que demonstrem esta realidade, até porque muitos trabalhadores deixam de denunciar por medo de retaliações.
“Este é um problema que atinge um parcela considerável da população, que termina não denunciando. Isso tem que acabar. Temos que conscientizar as pessoas a expor o seu caso, para que esse tipo de comportamento seja reduzido”, orienta Manoel Jorge.
MEDO – O receio de sofrer ainda mais com o assédio do seu antigo chefe fez com que Lúcia (nome fictício) não registrasse queixa. Mas, para se livrar do problema – que se agravava a cada dia e que a fez passar mal, desmaiar e até ser hospitalizada –, ela precisou pedir transferência da empresa para trabalhar em outro Estado.
“A princípio, pensei em levar o caso à Justiça, mas depois eu desisti, porque não quis me sentar numa mesa de audiência e estar cara a cara com a pessoa que me fez sofrer durante tanto tempo e reviver as situações. Mas ele merecia uma punição”, diz Lúcia
Colaborou João Mauro Uchôa
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