segunda-feira, 3 de novembro de 2008

PROTEÇÃO CONTRA O RISCO

Fonte: Folha de São Paulo - 02/11/08

Investir em segurança é secundário

Falta de recursos e de fiscalização colabora para que pequenas não se apliquem nas medidas


A estrutura enxuta e os parcos recursos financeiros são os principais fatores que levam micro e pequenos empresários a postergar a adoção de medidas de saúde e de segurança no trabalho em suas firmas.
Na visão de Luís Renato Balbão Andrade, coordenador nacional do Programa de Segurança e Saúde no Trabalho para Micro e Pequenas Empresas da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), o empresário atua como bombeiro: se há fogo, ele o apaga.
"Só quando acontece o acidente ele toma uma providência. Isso pode sair bem caro."
De acordo com Fernando Coelho Neto, gerente-executivo de Saúde e Segurança no Trabalho do Sesi (Serviço Social da Indústria), entre os prejuízos que impactam o negócio estão o pagamento do salário do funcionário acidentado nos 15 dias após o acidente e a interrupção da produção.

Dentro da lei
Mas adequar-se às normas de segurança no trabalho não é simples, segundo o consultor Antonio Carlos Vendrame, que atua na prevenção de acidentes. Para ele, a primeira dificuldade é entender a legislação.
"São 33 NRs (normas regulamentadoras) que o empresário deve implementar. É mais fácil contratar uma consultoria especializada", aponta.
Mas, se a segurança no trabalho não for um item determinante no negócio -como em indústrias que precisam estar adequadas para prospectar grandes clientes-, a contratação de um especialista ocorrerá quando houver folga no caixa.
É o exemplo de uma empresária do setor de alimentos que preferiu não se identificar. A segurança no trabalho foi o primeiro item a ser cortado quando os gastos foram enxugados.
Ela diz que pagava R$ 500 mensalmente para um engenheiro do trabalho inspecionar a fábrica. Com a redução das despesas, a solução adotada foi manter as práticas aprendidas e acompanhar as novas exigências legais "como desse".
Ademais, a baixa fiscalização da segurança no trabalho e das notificações dos acidentes nas empresas também colabora para que o investimento seja secundário, segundo Andrade, da Fundacentro.
"Estima-se que, na América Latina, de 1% a 4% das doenças do trabalho sejam notificadas."
Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, feito a pedido da Folha, até outubro de 2008, foram multados 76 estabelecimentos comerciais e multifamiliares sem equipamentos de segurança. Em 2007, foram 201 multas.

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