Fonte: A Tribuna net
O número de auxílios-doença para acidentes de trabalho concedidos pela agência da Previdência Social de Criciúma para pessoas de toda a região mais que dobrou no comparativo entre 2006 e 2007. A quantidade desse tipo de benefício passou de 441 para 956 e com isso, o valor pago pela Previdência também aumentou. Em 2006, pouco mais de R$ 289,1 mil foram gastos com auxílios-doença na agência de Criciúma. No ano passado, ao total de 2006 foram acrescentados R$ 369,9 mil, perfazendo um total de R$ 659,1 mil.
Maria Elizabeth Lima Vieira Silva, chefe do Serviço de Benefício da Gerência Executiva de Criciúma, afirma que existem vários possíveis motivos para justificar esse aumento. O desemprego seria um deles. Segundo ela, há pessoas desempregadas que buscam o benefício para ter uma renda e até pessoas que estão desempregadas recebem o benefício e depois arrumam um "bico" para fazer. "O auxílio é por incapacidade para o trabalho, e por isso quem recebe o benefício e continua trabalhando está cometendo uma irregularidade grave", afirma. O aumento demográfico e da População Economicamente Ativa também podem ser fatores para o aumento no número de auxílios, assim como as condições de trabalho. Segundo Maria Elizabeth, é difícil atribuir esses dados a um ou outro fator, já que não há um levantamento sobre os motivos desse crescimento.
Associação pretende
divulgar pesquisa
No entanto, até o final de julho, dados diferentes sobre essa questão serão divulgados por meio de uma pesquisa realizada pela Associação de Defesa dos Vitimados pelo Trabalho das Regiões da Amrec, Amesc e Amurel (ADVT) com os 400 associados. O Estudo não irá demonstrar a totalidade do quadro de acidentes e doenças do trabalho no Sul de Santa Catarina, mas deve ser um importante aliado para o estabelecimento de ações de prevenção e conscientização. A pesquisa ainda está na fase de tabulação dos dados (e será apresentada à sociedade no dia 30 de julho, na Câmara de Vereadores de Criciúma), mas em diversos pontos, os resultados são muito semelhantes aos obtidos em uma pesquisa realizada em 2006 com os então 286 associados da ADVT.
Um dos dados que não sofreu alterações, apesar do número de entrevistados ser maior na pesquisa realizada há dois meses, foi o que mostra quem são as pessoas que procuram a ADVT. Em primeiro lugar, pessoas desempregadas continuam sendo o maior número entre os associados. "O alto número de desempregados por problemas relacionados ao trabalho que nos procura mostra que o SUS e o Ministério do Trabalho não estão fazendo a sua parte", afirma Júlio César Zavadil, coordenador da ADVT.
Doenças relacionadas à LER/Dort
e a problemas na coluna
Segundo ele, o vestuário continua sendo o setor com mais associados. "Pessoas que trabalham no setor do vestuário são das que mais adoecem por LER/Dort (Lesão por Esforço Repetitivo / Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho) e apresentam problemas de coluna e relacionados à saúde mental", afirma Zavadil. As condições inadequadas de trabalho, especialmente para pessoas que desempenham a função de costureira em casa seriam as principais causas dos problemas. E os danos à saúde mental - como depressão, transtorno biopolar e compulsão - são os problemas mais registrados pelas pessoas que procuram a ADVT, seguido pela LER-Dort.
Depois de pessoas desempregadas e trabalhadores do vestuário, os associados da ADVT são do comércio, autônomos, servidores municipais, bancários, aposentados, trabalhadores do setor de alimentação, vigilantes, profissionais liberais, metalúrgicos, químicos, de empresas que trabalham com asseio e conservação e do lar. As mulheres continuam sendo a maioria entre os associados da ADVT. Motivo: uma visão diferente da masculina. "O homem geralmente procura a associação quando o problema está grande demais e às vezes quando nem consegue mais trabalhar. A mulher não. Ela tem uma visão diferente e não espera ficar pior para admitir que precisa de ajuda", afirma.
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