Fonte: Folha de São Paulo
Estudo aponta fraude em encaminhamento
DA FOLHA RIBEIRÃO
Além de demonstrar a ineficácia da atenção básica em Ribeirão, o estudo coordenado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, revela que há fraude no processo de encaminhamento de pacientes para médicos especialistas.Durante a análise das guias de referência preenchidas por médicos das UBSs da cidade, os pesquisadores encontraram 16 documentos preenchidos de forma idêntica pelo mesmo médico. A única mudança era o nome do paciente.
"Isso é fraude, é crime. Uma pessoa está usando sua inteligência para prejudicar uma outra pessoa", afirmou o coordenador do estudo e ex-secretário da Saúde de Ribeirão, José Sebastião dos Santos.
A Folha teve acesso à reprodução parcial de quatro guias de referência fraudadas, encaminhadas de uma UBS para a central de regulação da prefeitura. A impressão é a de que o médico, cujo nome foi suprimido, tirou várias cópias a partir de um único documento e só deixou sem preencher o campo de identificação do paciente.
Nos documentos, o profissional descreve uma suspeita de gastrite e, sem esclarecer mais detalhes sobre o estado de saúde do paciente, solicita avaliação de um médico especialista. É o início de um encaminhamento falso, que pode demorar semanas para ser aceito.
"Se a guia está referenciando mal o paciente, existem duas situações. Certamente, se o paciente foi encaminhado sem precisar, ele está tomando o lugar de uma outra pessoa, que vai ficar na fila. E, se o médico deixa de mandar alguma coisa mais grave de forma mais urgente, o prejuízo será ainda maior", disse o gastroenterologista Isac Jorge Filho, conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP).
Oswaldo Cruz Franco, secretário da Saúde de Ribeirão, afirmou desconhecer a existência das guias fraudadas. Segundo ele, o caso será investigado e, se preciso for, denunciado ao Cremesp, que pode inclusive cassar o registro profissional do médico caso seja comprovado o crime. "Isso é fraude, é um crime que, se existir, é claro que nós vamos investigar", afirmou o secretário
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