sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Participação do governo na Petrobras sobe de 40% para 48%, diz Mantega

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta sexta-feira que, com a capitalização, a parte do governo na petrolífera sobe de 40% para 48% do capital total.

Essa participação engloba as novas ações compradas pela União, por meio da cessão de barris de petróleo, além de papéis adquiridos pelo BNDESPar, pela Caixa Econômica Federal e pelo Fundo Soberano do Brasil.

O objetivo jamais declarado pelo governo era voltar a ter 50% do capital da Petrobras, como ocorria até o governo Fernando Henrique Cardoso. A meta só não foi atingida devido à forte demanda dos atuais acionistas, que tinham direito a comprar os papéis na proporção de 34% de suas posições.


"O Brasil não terá 'a maldição do petróleo'. Eu diria que será 'a benção do petróleo'", disse o ministro, durante cerimônia na BM&F-Bovespa. "A capitalização da Petrobras é um sinal dos bons tempos que o Brasil vive", acrescentou.

Na parte da oferta destinada aos antigos acionistas, houve um rateio das sobras mas não há confirmação do critério e da proporção definida para atender as reservas. Mas é fato que o governo não saiu satisfeito.

A adesão dos investidores pessoa física na fase não prioritária, destinada aos investidores em geral, também surpreendeu. O rateio definido foi de 45,77% dos valores pedidos. Quem pediu reserva de R$ 10 mil, por exemplo, só levou R$ 4.577 em ações.

CAPITALIZAÇÃO
Ontem à noite, a empresa anunciou que levantou R$ 120,36 bilhões (US$ 70 bilhões) na maior venda de ações já feita no mercado de capitais. O montante equivale a 4,2% do PIB brasileiro em 2009.

Desse total, até R$ 74,8 bilhões virão do governo na forma de barris de petróleo. Dinheiro assegurado até agora são R$ 45,6 bilhões. A captação supera as ofertas da japonesa NTT (US$ 36,8 bilhões) e do chinês AgBank (US$ 22,1 bilhões).

PREÇO DAS AÇÕES
As novas ações saíram a R$ 29,65 (ON) e a R$ 26,30 (PN), com desconto em relação ao preço de ontem na Bolsa. A interpretação foi que os grandes investidores não conseguiram levar integralmente os papéis que fizeram reserva e tentavam, ontem, comprar as ações antes de uma possível alta. Neste ano, as ações chegaram a cair 20%. O preço na oferta é fixado com base na demanda dos grandes investidores, que pedem um "desconto" para não comprar os papéis na Bolsa.

Capitalizada, a Petrobras terá recursos para deslanchar seu plano de exploração no pré-sal, uma das últimas reservas conhecidas de petróleo no mundo. A estatal deixa ainda a condição desconfortável de empresa no limite de endividamento --a Petrobras corria risco de perder a avaliação de "grau de investimento", espécie de selo de bom pagador.

Com o preço definido, os novos papéis são distribuídos imediatamente e começam a ser negociados amanhã na Bolsa de Nova York. O presidente Lula comandará a festa hoje na BM&F Bovespa com direito a discurso nacionalista, apesar de os papeis só estrearem no Brasil na segunda.


Fonte: Folha de São Paulo




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