segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Doenças modernas

Fonte: Folha de São Paulo - 10/11/2008

Doenças modernas


Hábitos insalubres e violência mudaram o perfil da mortalidade no país; saúde pública enfrenta novos desafios


À MEDIDA que a sociedade avança, os desafios impostos para a saúde pública também evoluem. É o que se pode confirmar com o último perfil da mortalidade do brasileiro, divulgado pelo Ministério da Saúde. Ele traz boas e más notícias.
Segundo o estudo, "doenças da modernidade" são as que mais matam no país. Já ficou para a história o período em que as moléstias infecciosas e parasitárias -tais como as diarréias, tuberculose e malária- eram o retrato da mortandade nacional. A urbanização e o desenvolvimento provocaram uma expansão das mortes por enfermidades crônicas e por causas externas.
Os males do aparelho circulatório -associados a má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo e falta de atividade física- lideram o ranking (32,2%). Câncer é a segunda causa (16,7%), seguida de homicídios e acidentes de trânsito (14,5%). Depois, vêm as doenças do aparelho respiratório (11,1 %).
Na conta das boas notícias, está uma relacionada às mulheres. Houve uma diminuição na incidência de câncer de colo de útero. Isso se deve a campanhas educativas e a exames preventivos mais disseminados. Em contrapartida, o câncer de mama avançou. A última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), segundo os autores, comprova prática insuficiente de exames como mamografia.
Os homens, por outro lado, são mais afetados pelas causas externas -homicídio e violência no trânsito- do que as mulheres. Embora as estatísticas demonstrem que há uma tendência de queda nos homicídios, o volume dessas mortes ainda se mantém em patamar elevado.
Regionalmente, aumentou o peso dos homicídios nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mas houve diminuição no Sudeste, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em relação a óbitos no trânsito, houve na última década um expressivo aumento nas ocorrências com motocicletas.
Apesar dos avanços institucionais e econômicos verificados nas últimas décadas, 41,2% dos óbitos registrados no ano de 2005 ocorreram prematuramente, isto é, antes de a pessoa completar 60 anos de idade.
À luz desses dados, o poder público está diante do desafio de viabilizar, além do atendimento preventivo, ambulatorial e hospitalar, uma infra-estrutura urbana que permita uma vida mais saudável. Além disso, o rápido envelhecimento da população logo produzirá impactos sobre o sistema de saúde.

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