sábado, 15 de novembro de 2008

Região vê grande corrupção e preconceito contra pobres

Fonte: Folha de São Paulo

Região vê grande corrupção e preconceito contra pobres

Para ouvidos por Latinobarómetro, quase 70% dos funcionários públicos são corruptos

Para entrevistados, pobreza gera mais discriminação social do que a cor da pele, mas etnia pesa na hora de conquistar um emprego

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem o relativo avanço econômico nem o crescimento no apoio à democracia foram capazes de diminuir a percepção do nível de corrupção na América Latina.
A pesquisa 2008 da ONG chilena Latinobarómetro mostra um dado ingrato. Questionados sobre quantos servidores públicos, num grupo de cem, seriam corruptos, os habitantes do subcontinente responderam 68,6 em média. A sociedade civil se vê melhor do que avalia sua classe política: para 54%, há mais corrupção na política do que na vida em geral.
O Brasil foi o país onde a maior taxa da população disse ter tomado conhecimento de um "ato de corrupção" nos últimos meses: 53%. Salto enorme em relação à América Latina, cuja média é de apenas 15%.
Mas a pesquisa traz um dado positivo também: aumentou a percepção de que a luta anticorrupção está evoluindo. Em média, 38% dos latino-americanos pensam assim -eles eram apenas 26% em 2004. No Brasil, o mesmo índice foi de 44% neste ano.
Outro problema grave relacionado à corrupção é vinculado às polícias, outra chaga da região. Mais da metade das populações de Paraguai, Venezuela, Argentina, México, Brasil e República Dominicana dizem que é provável conseguir subornar um membro da polícia. Não por acaso, a lista coincide com os países que exibem os quadros mais dramáticos de violência e de preocupação com o assunto.
Na outra ponta, isolado, está o Chile. No país, só 11% dizem que integrantes dos carabineros, a tradicional, disciplinada e por vezes truculenta polícia, seriam subornáveis.

Pobreza e cor
A maioria da população latino-americana acha que a origem principal da discriminação social é a pobreza, à frente de fatores como cor da pele.
A pobreza foi citada por 31% na média das respostas. Mas, quando questionadas especificamente sobre o que é relevante na escolha de um profissional, aí a percepção é a de que a cor da pele é o mais relevante. Ficará com a vaga o candidato branco, quando um não branco exibir as mesmas qualidades.
E o Brasil é onde o preconceito por cor é apontado como fator de desvantagem em casos de supeitos de crimes presos (59% acham que o dado cor prejudicaria o detido se houvesse mais um suspeito branco). Em países como Colômbia e a Venezuela, a percepção das pessoas é que "a maneira de falar" revela a ascendência social e pode influenciar.
A pesquisa do Latinobarómetro ouviu 20.204 pessoas em todo o subcontinente (só Cuba não foi pesquisada). (FM)

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