sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Homem que diz ter sido assediado pela chefe relata crises de pânico

Sofri muito. A sensação era de morte o tempo todo. Tive síndrome do pânico e fiquei internado várias vezes. Tinha medo de dirigir e não conseguia tomar banho porque achava que a água me sufocava”, relata Marcio André Barbosa Barroso, de 37 anos, que entrou na Justiça contra duas empresas, dizendo ter sido vitima de assédio sexual pela ex-chefe.


O caso ocorreu em 2009, em Brasília, e Barroso processou tanto a empresa que o contratou quanto aquela para a qual prestava serviço. Na última terça-feira (17) o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10ª Região divulgou ganho de causa para o ex-funcionário, decidindo que ele deverá ser indenizado. As empresas ainda podem recorrer.

Barroso conta que ocupava a função de subgerente em uma loja da operadora de telefonia celular Vivo quando passou a receber insinuações e cantadas da gerente. Segundo ele, tudo aconteceu em dois meses, após ser transferido da antiga loja onde trabalhava para ajudar na unidade comandada pela mulher que o teria assediado.

“Era muito intenso. Ela ficava sempre perto de mim, tentando me agarrar. Fazia propostas para eu ir na casa dela, perguntava se eu tinha namorada, o que eu ia fazer à noite. Ela ficava se insinuando, era muito desconfortável”, descreve. Segundo ele, a então chefe fazia as ações na frente de todo mundo da empresa.

Em uma reunião com cerca de oito pessoas, Barroso conta que a gerente chegou a dar uma mordida em suas costas. “De uma hora para a outra ela agachou e me mordeu na frente dos outros”, afirmou.

Represálias

Por não corresponder às tentativas da chefe, Barroso conta que chegou a receber represálias. Ele afirma que era responsável pelo estoque da loja e a gestora passou a acusá-lo de sumir com produtos. O ex-funcionário conta que depois conseguiu provar que não era responsável pelos sumiços.

Todas essas situações fizeram com que o subgerente se sentisse perseguido. Ele diz que passou a sofrer de síndrome do pânico. Procurou, então, uma advogada para ajudá-lo e, além de fazer tratamento psiquiátrico, precisou se afastar do trabalho. “Eu tentei resolver dentro da empresa, mas ninguém me levava a sério.

Quando busquei meus supervisores e vi que não dava resultado, minha síndrome do pânico aumentou”, relembra.
 
Processo

Como não era funcionário direto da Vivo, mas sim um terceirizado contratado da Velox Consultoria em Recursos Humanos, Barroso entrou com processo na Justiça contra as duas empresas. A advogada dele, Erika Bueno, afirma que na ação judicial pediu indenização de R$ 50 mil, já incluindo os valores dos direitos trabalhistas, como horas extras e décimo terceiro. O processo correu primeiramente na Vara do Trabalho de Brasília, onde o valor da indenização foi definido em R$ 20 mil, diz a advogada. As empresas recorreram ao TRT, que também deu ganho de causa a Barroso, e cabe ainda recurso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), explica Erika.

Barroso diz que sofreu o assédio entre abril e maio de 2009 e saiu da empresa em junho. Depois disso, passou um tempo na Europa para tentar esquecer tudo o que aconteceu. Ele retornou ao Brasil neste ano e hoje tem seu próprio negócio, uma distribuidora de bebidas em Brasília. "Estou feliz com a decisão. Espero que meu caso sirva de exemplo para outras pessoas", afirma.
 
Outro lado
Em nota, a Vivo diz que a “decisão refere-se a uma empresa prestadora de serviços, que não é mais contratada da Vivo”. A operadora informa também que “tomará as medidas judiciais cabíveis, lembrando que a condenação na Justiça do Trabalho é de forma subsidiária”.

Tanto Barroso quanto a gerente eram contratados da Velox, que afirma, em nota, "que era responsável apenas pela contratação de mão-de-obra para a Vivo, sendo esta última a efetiva gestora e controladora dos empregados."

A Velox havia informado anteriormente ao G1 que a gerente não era sua contratada, mas refez a pesquisa em seu banco de dados e encontrou o registro da funcionária. A Velox informou, porém, que ainda não foi intimada oficialmente da decisão judicial.

A Vivo divulgou, ainda, que repudia qualquer ato de assédio sexual ou moral e possui dentro de suas políticas um Código de Ética e Conduta para orientação aos empregados e gestores.

Fonte: G1

Jovem que perdeu braço em triturador diz que não recebeu treinamento

Empresa diz que situação trabalhista do funcionário era normal. Acidente ocorreu na segunda-feira, na fábrica de massas Cadore.

O jovem que perdeu um braço despedaçado em um triturador de massas na fábrica da Produtos Alimentícios Cadore S/A, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, afirmou, em depoimento a policiais da 64ª DP (São João de Meriti), que, apesar de ter sido contratado como “auxiliar de produção”, desde que entrou na empresa exerce a função de “operador de máquina”.

O acidente ocorreu na manhã de segunda-feira (17). “Na carteira de trabalho dele está o cargo de ‘auxiliar de produção’. Isso caracteriza um desvio de função”, afirmou o advogado Geraldo Flávio Campos Dias, que defende Rafael.

“Eu não sou operador de máquina. Não me deram treinamento nenhum”, disse Rafael Costa de Souza, de 25 anos, em entrevista ao G1. “Por várias vezes eu pedi para trocar de setor”, acrescentou o jovem, que trabalhava há sete meses na fábrica.

A diretora-administrativa da Cadore, Claudia Scofano, explicou que não há operadores de máquina trabalhando no triturador de massas, mas somente auxiliares de produção, já que, segundo ela, o triturador "não é uma máquina para ser operada e não precisa de parâmetros para funcionar”, pois só tem o botão liga/desliga.

“Essa função é exercida por auxiliares de produção porque não precisa ter expertise de operação de máquina. Basicamente, o trabalho é abastecer o equipamento”, explicou Claudia Scofano.

Cláudia Scofano afirmou que todas os funcionários da Cadore são treinados para trabalhar com as máquinas. “Tenho que verificar com o encarregado do setor se o Rafael não foi treinado”, disse. Ainda de acordo com a diretora-administrativa, o que ocorreu foi um acidente de trabalho e que, segundo o responsável pela área onde Rafael trabalhava, o funcionário teria agido com imprudência.

Funcionário afirma que local não era seguro

 Rafael afirma no depoimento que, “para ter acesso ao triturador onde tinha que jogar o macarrão, tinha que subir uma escada de dois degraus, que ficava solta, deslizando no chão liso”. O jovem contou ao G1 que já tinha jogado um saco de macarrão dentro do triturador, e que, quando jogava o segundo saco, a escada escorregou. Então, ele caiu e sentiu a palma da mão ser puxada pela máquina.

“O triturador me puxava. Eu gritava muito. A minha cabeça chegou a bater na ferragem do triturador, e ficou marcada. A máquina quase estoura minha cabeça”, conta Rafael. “Eu fiquei forçando o peso para fora, para o triturador não me puxar e moer o meu corpo. Eu gritava e pedia ajuda pelo amor de Deus, mas ninguém escutava, por causa do barulho da máquina”, complementa.

A diretora-administrativa da Cadore disse que precisa verificar o que ocorreu na hora do acidente. “Eu não conheço o posicionamento da escada”, afirmou. De acordo com Cláudia Scofano, a fábrica não dispõe de ambulâncias para atendimento e remoção de urgência.
 
Funcionário conta que ficou com braço preso por dez minutos

No depoimento à polícia, Rafael conta que só foi socorrido cerca de dez minutos depois que o braço foi sugado pelo triturador de massas, por um eletricista da Cadore. “Ele foi socorrido por acaso, pois o eletricista tinha ido verificar um problema na máquina que tinha sido avisado pelo próprio Rafael”, diz o advogado Cláudio da Fonseca Vieira, que também defende o funcionário.

Ainda no depoimento, Rafael relata que operava o triturador “sem os equipamentos de segurança necessários”, e que “já havia reclamado com seus superiores sobre a falta de máscaras e óculos de proteção, mas a empresa alegava que o material estava em falta”.

“O certo é ter um operador de máquina para trabalhar no triturador, junto com um auxiliar. Se tem alguém do meu lado, podia desligar a máquina. Eu teria perdido um dedo, ou uma mão, mas perdi meu braço todo”, conta Rafael.

Apesar de afirmarem que a Cadore está apalavrada em dar assistência a Rafael, os advogados do funcionário fizeram algumas críticas à empresa. “Eu acho que a empresa está acanhada na prestação de serviços e no pós-operatório”, afirmou Campos Dias. “Nós é que levamos o Rafael para casa quando ele teve alta do hospital. Isso denota uma falta de atenção da empresa, por não ter providenciado um carro para levá-lo”, complementou Fonseca Vieira.
 
Diretora-administrativa da Cadore diz que empresa está prestando toda a assistência

Sobre a falta de equipamentos de segurança, Cláudia Scofano afirmou que não procede a informação dada por Rafael. “O perito da polícia tirou fotos dos óculos de proteção, que estavam no local do acidente. E as máscaras estão disponíveis no RH e no Setor de Qualidade, que fica próximo ao local onde Rafael estava trabalhando”, ressaltou. Sobre o fato de Rafael estar sozinho no triturador, ela disse que é uma situação normal. “Isso depende da quantidade do produto. Se for pouco, uma pessoa só é suficiente para abastecer”, explicou.

A diretora-administrativa informou que a Cadore está prestando toda a assistência necessária a Rafael e acredita que estão ocorrendo “ruídos na comunicação”. “Vamos dar uma cesta básica para ele e oferecemos uma psicóloga da empresa, mas a família está recusando nossa ajuda. Inclusive, eles não aceitaram um cartão, assinado pelos funcionários, que enviamos junto com flores”, contou Cláudia Scofano.

“Mandei para a família uma carta com um e-mail, número de fax e cinco telefones para que não haja dificuldade em passar as receitas e os medicamentos necessários, que vamos custear. Nós estamos fazendo um plano de saúde para o Rafael, que pode ser aposentado por invalidez ou ser recolocado na empresa, após uma preparação específica”, afirmou a diretora-administrativa. “Todos os traslados dele serão custeado por nós. Só peço, caso a família precise de locomoção, que avise com 24 horas de antecedência”, acrescentou.

Rafael diz que está sentido muita dor e que sente uma imensa dificuldade para dormir. “Dói muito, e eu choro às vezes. É difícil sair de casa. Só dá para utilizar uma mão quando tomo banho, para me limpar”, conta ele.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Governo autoriza liberação de recursos para reduzir impacto ambiental da agricultura

Foram publicadas nesta segunda-feira as regras para liberação de recursos para o programa de redução da emissão de gases do efeito estufa na agricultura, o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono).


O objetivo da iniciativa, lançada há dois meses pelo Ministério da Agricultura, é financiar práticas sustentáveis no campo e reduzir os desmatamentos.

De acordo com a resolução 3.896 do Banco Central, haverá R$ 1 bilhão do BNDES para aplicação até 30 de junho de 2011. Também está previsto que o Banco do Brasil utilize até R$ 1 bilhão de recursos da poupança rural.

O dinheiro pode ser utilizado para financiar atividades de recuperação de áreas e pastagens degradadas; implantação e manutenção de florestas comerciais ou destinadas à recomposição de reserva legal ou de áreas de preservação; e implantação de sistemas de integração entre lavoura, pecuária e floresta.

O limite de crédito é de R$ 1 milhão por beneficiário, por ano-safra, mas há possibilidade de ampliação em alguns casos. Os juros são de 5,5% ao ano e o prazo de pagamento varia de oito a 12 anos, com carência de um a seis anos, dependendo do objetivo.

Fonte: Folha de São Paulo

Vendas de material de construção sobem 18% no acumulado do ano

As vendas internas de material de construção cresceram 18,1% nos sete primeiros meses do ano, ante o mesmo período de 2009, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pela Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).


Em julho, houve alta de 9,43% na comparação com o mesmo mês de 2009. Trata-se da nona elevação consecutiva, após um período de baixa nas vendas por conta da crise. Em relação com junho deste ano, houve aumento de 1,15%.

De acordo com Melvyn Fox, presidente da associação, na comparação com os primeiros sete meses de 2008 --período de forte crescimento que antecedeu a crise financeira internacional-- as vendas do setor foram praticamente equivalentes, apenas 0,01% menores. "Isso mostra que o setor já deixou para trás os efeitos da crise".

DESACELERAÇÃO

Apesar dos dados positivos, a associação informa que em julho "a taxa de crescimento das vendas de materiais de construção em relação ao mesmo mês do ano passado apresentou uma redução em relação às taxas dos meses anteriores". Em junho, por exemplo, tinha ficado em 16,34% (ante os 9,43% de julho).

"Esse resultado está de acordo com as expectativas de fechamento do ano com um crescimento de 15% sobre o resultado de 2009, pois a base de comparação, representada pelo segundo semestre do ano passado, foi mais elevada que a do primeiro semestre", informa a Abramat em nota.

EMPREGO

Segundo a Abramat, o número total de funcionários da indústria de materiais de construção apresentou em crescimento de 11,7%, em relação a julho do ano passado. Na comparação com junho deste ano, a alta foi de 1,07%.

Para a entidade, o setor deverá encerrar o ano com alta de 15% nas vendas ante 2009.


Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Carne do futuro pode ser artificial, diz cientista

Se você gosta de carne, corra para uma churrascaria, porque renomados cientistas acreditam que em 40 anos não haverá suculentos bifes para todo mundo. Muitos terão de comer carne produzida em laboratório.

A advertência faz parte de uma série de 21 artigos científicos encomendados pelo governo britânico para projetar a situação alimentar do mundo em 2050. As conclusões: a população será de 9 bilhões de pessoas, e o consumo per capita de alimentos também crescerá, principalmente nos países em desenvolvimento.

Por isso, será necessário aumentar muito a produção de alimentos. Haverá competição por terra e por água, e o preço da comida vai subir.

Nos últimos anos, a tecnologia ajudou. Técnicas de plantio, melhora nas sementes e controle de pragas aumentaram a produtividade.

Na pecuária, estudos genéticos, inseminações artificiais e redução de doenças fizeram os animais terem mais peso (30% a mais no caso das vacas desde 1960) e darem mais leite (30% a mais por vaca no mesmo período).

Chegará um momento, porém, em que preconceitos deverão ser deixados de lado. Aí entra a carne artificial, ou produzida em laboratório.

"A carne in vitro já se provou factível e pode ser produzida de uma forma mais saudável e higiênica que na pecuária atual", disse Philip Thornton, do Instituto Internacional de Pesquisas em Pecuária de Nairóbi, no Quênia.

Estudos sobre carne in vitro começaram há cerca de dez anos. Trata-se de retirar células de um animal vivo e fazer com que se reproduzam até virar tecido muscular. Em janeiro, europeus criaram carne de porco assim.

Curioso é que a discussão surja agora, quando o Reino Unido investiga se a carne de filhos de uma vaca clonada foi aos mercado sem aviso a autoridades e consumidores.

Para os cientistas, a necessidade poderá obrigar a população que hoje teme animais clonados a aceitar a carne produzida em laboratório.

Ministério da Agricultura e Embrapa assinam intenção de reduzir CO²

Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO²), por meio de práticas agrícolas sustentáveis é o objetivo de três protocolos de intenção que serão assinados hoje (17) entre o Ministério da Agricultura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e entidades que trabalham com os sistemas de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e florestas plantadas.

A assinatura ocorrerá durante a cerimônia de abertura do Seminário de Difusão do Programa Agricultura de Baixo Carbono, às 14h30, no auditório da Embrapa, em Brasília.

Firmam os protocolos a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, a Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes e a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas.

fonte: folha on line