quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tesão e direitos humanos

Por: Ex-diretor da Capes, filósofo diz que opinião pública ignora a questão central no caso da aluna da Uniban: a esfera do desejo RENATO JANINE RIBEIRO ESPECIAL PARA A FOLHA

A universitária do microvestido conseguiu um milagre: juntou todo o mundo, da UNE à direita, na defesa dela e na condenação aos alunos que a insultaram e, depois, à universidade que quis puni-la. Mas há um viés na abordagem que me preocupa. O que atraiu a sociedade para o caso foi seu lado sexual. É o chamariz, tanto que a Folha levou uma atriz [vestida com minissaia] a quatro universidades do centro de São Paulo para ver se seus alunos são diferentes dos da periferia. Mas, lançada a isca, a imprensa não fica à sua altura e vai opinar de maneira legalista. O sexo é chamariz, mas não é estudado. Já a educação é uma grande (outra) questão, mas também não é aprofundada. Começando pelo fim: a educação proporcionada pela Uniban está sendo questionada a partir desse caso, e não em sua qualidade. Que ela é criticada faz tempo, sabe-se. Mas está melhorando? Por coincidência, como diretor que fui da Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], responsável pela avaliação da pós-graduação brasileira, vi avanços da Uniban nos seus mestrados e no único doutorado. Não sei de sua graduação. Seria preciso avaliar se ela está melhorando ou piorando, em vez de ler generalidades que não respondem a essa pergunta central. O outro aspecto é o cerne do caso. Uma vez deflagrada a polêmica, sumiu de cena o que a causou -o microvestido. Vi o advogado da aluna, de terno, defendendo seu direito de vestir-se como quiser. Foi uma síntese perfeita das contradições que o caso traz à luz. Para defender uma moça que gosta de mostrar o corpo, recorre-se à linguagem formal (e à roupa idem) da profissão jurídica. Fala-se dela como se fosse perseguida por ser judia, negra, comunista ou ter uma síndrome. O sexo perturba Só que ela não foi ofendida no fluxo dessas discriminações tradicionais, e sim porque gosta de mostrar o corpo. Por que essa questão central se perde na vagueza das fórmulas ("cada um é livre para fazer o que quiser", "para ir e vir" etc.)? Defendo essas liberdades. Mas, quando entra o sexo, ele as perturba. No dia 22 de outubro, na Uniban de São Bernardo do Campo (SP), ela e centenas de jovens foram perturbadíssimos pelo sexo. Não adianta tentar, agora, abafar o assunto com generalidades legais -belíssimas, sim, fulcro de nossa civilização, mas pré-freudianas. Ou melhor: adianta. É por isso que da esquerda à direita há um acordo geral. Um grande acordo para abafar o pequeno monstro. O monstro começa pelo desejo -que parece ser mais comum nas mulheres- de ser vista, admirada, desejada. A moça fez por isso. Não sabia o quanto estava despertando o monstro. Quando percebeu, deve ter-se assustado. Sorte, pelo menos, que ninguém foi machucado (ela não foi). Mas o fato é que vimos o nervo exposto de algo que é mais atávico e forte que um preconceito contra judeus, negros ou, mesmo, mulheres. Entraram em cena uma sexualidade provocante e respostas, masculinas e femininas, a ela. Quer dizer que os rapazes tinham razão em xingá-la? Qualquer alfabetizado entenderá que não. Não tinham esse direito. Mas, que foram mexidos, foram. Que ela queria mexer com eles, queria. O que ela desejava de fato, ela provavelmente não sabe (Freud não saberia). Talvez, depois de tudo por que passou, não saiba mais. Nem eles, depois de expostos na mídia, saibam mais o que queriam. Id e ego De todo modo, a imprensa não se preocupou em saber como foi, nas cabeças de centenas de jovens que estavam lá, aquela noite. Alunos da Uniban mal foram entrevistados. Como as alunas que apareceram na TV discordavam da manifestação da UNE "em favor delas", a imprensa preferiu não aprofundar o assunto. Não dá para reduzir esse assunto à pauta dos direitos em geral ou das discriminações contra a mulher.Não tem nada a ver com mulher não ser presidente ou CEO de empresa. Até porque nesse campo, o do desejo que o homem sente só por ver uma mulher bonita, ela tem um poder que ele não tem. Faz bem a universidade, em que o abscesso se rompeu, em discutir esse assunto à luz da cidadania? É essencial. Mas gostaria que não ficasse no genérico dos direitos humanos (que eu defendo, nem preciso repetir). Espero que saiba devolver à cena a questão importante que irrompeu naquela noite terrível: a questão do sexo em face da liberdade, da cidadania e tudo o mais. A questão do id em sua negociação com o ego. É uma grande questão, pouco tratada. Mas não acredito muito. Falar na generalidade dos direitos humanos não afetará o âmago das pessoas, portanto é mais fácil. Não obrigará a discutir como lidar de maneira racional (a grande conquista da civilização, que inclui os direitos humanos) com o que é mais irracional em nós, sobretudo os mais jovens -um desejo desabrido a desafiar valores, interditos, tudo. Os rapazes podiam ser preconceituosos. Mas pareciam estar tarados por ela. A tara poderia vencer -ou reiterar- o preconceito. Como mudar o final do jogo, seu resultado? Eis a questão. Como o tesão se relaciona com os direitos humanos? Dá para repetir o mantra de que uma mulher poderosa, desejável, ciente do que desperta nos homens, é ao mesmo tempo um sujeito racional capaz de deliberar em sã consciência se quer ou não um deles? Dá para acreditar que um homem, assim excitado, facilmente aceite a decisão da mulher de negar-se a ele? O estupro é inadmissível, mas dizer que esses controles são fáceis é iludir a sociedade. [O sociólogo alemão] Norbert Elias entendeu bem a questão. Ele disse, décadas atrás: ao contrário do que se imagina, quando se exibe mais o corpo, sobretudo o feminino, exige-se mais -e não menos- autocontrole. Porque se requer do espectador que não ataque aquele corpo desejado. Essa exigência é necessária? É. Mas é fácil? Não. Veja-se um baile funk. Vejam-se as publicidades na TV. Um direito e um problema Essa história tem sido lida como uma parábola do moderno e do reacionário. Moderno é a moça fazer o que quer com o corpo, inclusive mostrá-lo. Reacionário é ser contra isso. Mas a atualidade intensa do conflito é que ele não tem essa temporalidade moderna, que é dos demais direitos humanos. Pois, por um lado, mexe com a libido, que tem fortíssima base natural e uma temporalidade muito mais lenta. Por outro lado, a mulher se exibir o quanto queira é conquista recente. O homem não saber lidar com isso também é um dado acentuado recentemente. Há um elemento natural, há um confronto hipermoderno. A reação "conservadora" também é hipermoderna. O que não dá é para dizer que a moça se exibir não é problema, é direito. É direito, sim, mas só interessa a ela porque é problema. Alguém acha que [a apresentadora] Sabrina Sato imitaria a aluna se os homens não babassem por ela (Sabrina ou Geisy, não importa)? É esse efeito que se quer produzir. É ele que, produzido, incomoda muita gente. E é esse incômodo -a consciência, o reconhecimento de que há um incômodo, um problema quase sem solução, o que Kant chamaria de uma antinomia- que incomoda muito mais. O que devemos é enfrentar o incômodo, reconhecer sua originalidade. Desse ponto de vista, temos uma oportunidade ímpar, justamente porque difícil, de reflexão e de proposição.
RENATO JANINE RIBEIRO é professor titular de ética e filosofia política na USP.

Aquecimento custará 1 ano de crescimento ao Brasil, mostra relatório

Fonte:RAFAEL GARCIA
da Folha de S. Paulo

Em 2050, cada cidadão brasileiro perderá de R$ 534 e R$ 1.600 de sua renda anual por causa da mudança climática, indica um estudo feito por 11 instituições de pesquisa. A redução no PIB nacional será de 0,5% a 2,3%, o equivalente a perder um ano de crescimento.

O trabalho, divulgado nesta terça-feira (24), mostra que Norte e Nordeste tendem a ser mais afetados pelo aquecimento global daqui a quatro décadas, e que o aumento das desigualdades sociais e regionais será o legado mais cruel da crise do clima no país.

Coordenado pelos economistas Jacques Marcovitch, da USP, Sérgio Margulis, do Banco Mundial, e Carolina Dubeux, da Coppe/UFRJ, com financiamento do governo britânico, o estudo "Economia do Clima" pôs o problema em perspectiva nacional pela primeira vez.

Ele é inspirado no Relatório Stern, o primeiro grande cálculo do impacto da mudança climática na economia global, feito em 2006.

Para chegar aos valores finais, os pesquisadores aglutinaram estimativas de perdas econômicas como a da agropecuária, que sofrerá mais com secas, e das áreas costeiras, que sofrerão mais com ressacas e o aumento do nível do mar.

O trabalho simula dois cenários de crescimento econômico para Brasil: um baseado em uma economia "limpa", que respeita o ambiente e emite menos CO2, e outro em uma economia suja. O resultado mostra uma solução para o problema expresso há pouco pelo presidente Lula, de que a crise do clima se deve ao fato de que "o mundo é redondo".

Desemprego desacelera e atinge menor nível do ano, aponta IBGE

Fonte:CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

Atualizado às 09h09.

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil ficou em 7,5% em outubro, desacelerando em relação a setembro, quando a desocupação havia significado 7,7% do total do mercado de trabalho nessas regiões. Trata-se também do menor índice desde dezembro de 2008, quando estava em 6,8%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em relação a outubro do ano passado (7,5%), o índice ficou estável. O rendimento médio real dos trabalhadores ocupados ficou estável em relação a setembro, na média de R$ 1.349,70. Na comparação com igual período em 2008, foi constatada alta de 3,2%.

O contingente de desocupados totalizou 1,8 milhão de pessoas no total das regiões pesquisadas. Na comparação com setembro, houve queda de 2,5%; já em relação a outubro de 2008, verificou-se crescimento de 0,6%. O IBGE constatou variações significativas na comparação com outubro de 2008 em São Paulo (+10,4%) e no Rio (-21,8%).

A população ocupada somou 21,5 milhões de pessoas, indicando estabilidade tanto na comparação com setembro como em relação a outubro do ano passado.

Por setores, a indústria registrou aumento de 1,8% na oferta de vagas, em relação a setembro --o que significou 64 mil postos de trabalho a mais. Na comparação com outubro de 2008, houve redução de 0,6% --ou 20 mil vagas a menos.

Já na construção, foi verificado aumento de 0,3% sobre setembro (ou 5.000 vagas a mais), e de 1,6% em relação a outubro do ano passado (ou 26 mil novas vagas).

No comércio, houve aumento de 0,5% na oferta de empregos (ou 19 mil vagas a mais) frente a setembro, mas houve queda de 1,4% contra outubro de 2008 (ou uma perda de 56 mil vagas).

Trabalhadores da Embraer fazem passeata de protesto

São José dos Campos - Cerca de 400 trabalhadores do primeiro turno da unidade de Eugênio de Melo da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), em São José dos Campos (SP), realizaram na manhã de hoje uma passeata de protesto, exigindo a abertura de negociações da empresa com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Às 5h25 da manhã, eles caminharam por um quilômetro pela avenida marginal à rodovia Presidente Dutra, antes de chegar à fabrica.

Os trabalhadores também querem redução da jornada de trabalho para 36 horas sem redução de salário e reivindicam, no mínimo, 13,84% de reajuste salarial. "É também uma resposta à proposta de zero de aumento real e redução de salário apresentada pelo grupo patronal do setor aeronáutico, liderado pela Embraer", disse o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros da Silva.

Em outubro, os trabalhadores realizaram paralisações de duas horas por aumento de salário e da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O impasse nas negociações levou o sindicato a entrar com pedido de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho - 15ª Região, em Campinas. A data ainda não foi definida.


A Embraer também abriu pedido de dissídio no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo - 2ª Região, mas essa região abrange apenas cidades da Grande São Paulo e Baixada Santista. Se os dois tribunais se considerarem competentes, o caso terá de ser encaminhado ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. "Os trabalhadores estão extremamente insatisfeitos com a Embraer e sua política de total desrespeito à categoria metalúrgica. As mobilizações continuarão", afirmou o sindicalista.

Fonte: Agência Estado

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Redução da jornada de trabalho e a saúde dos trabalhadores

Por Leda Leal Ferreira
Médica, pesquisadora da FUNDACENTRO, Membro do Conselho Científico do DIESAT.

Os trabalhadores brasileiros estão mais uma vez lutando pela redução da duração da jornada semanal de trabalho. Todas as seis centrais sindicais de trabalhadores defendem a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional - PEC 231/95, que propõe a diminuição da jornada das atuais 44 horas (em prática há mais de vinte anos, desde a Constituição de 1988) para 40 horas semanais, sem redução do salário, e o aumento da remuneração da hora extra (75% acima da hora normal) e vão buscar no Congresso Nacional os votos para sua aprovação.
Em geral, são os benefícios econômicos os mais citados como argumentos em prol da redução: se cada um trabalhasse menos, haveria mais empregos para outros, menos gente ficaria desempregada e o país teria um maior crescimento econômico.
Mas a diminuição da jornada pode trazer outros tipos de benefícios: melhorar o bem estar e a saúde dos trabalhadores pois o tempo que cada um disporia para fazer outras coisas que não trabalhar aumentaria, o que melhoraria a sua qualidade de vida e a de todos. Afinal, não se vive para trabalhar.
Se nos dispusermos a ouvir o que os trabalhadores falam de seu trabalho, ouviremos sempre a mesma coisa: que estão trabalhando demais e mais que antes; que o que têm que fazer ultrapassa o razoável; que cada vez têm mais obrigações a cumprir e serviços a fazer; que são mais pressionados, que têm que dar mais produção; que têm que fazer sempre coisas diferentes; que não têm tempo; que não podem nem parar para respirar por alguns minutos em seus locais de trabalho. Em outras palavras, que o seu trabalho está cada vez mais intenso (com mais tarefas em cada unidade de tempo), mais denso.
Muitas doenças e perturbações, físicas e mentais, são decorrentes direta e indiretamente deste estado de coisas. Não é à toa que as LER/DORT podem também ser chamadas de patologias de hiper-solicitação e que a síndrome da exaustão mental tem feito várias vítimas entre os trabalhadores, sem considerar os casos de mortes por exaustão no trabalho que, embora certamente relacionadas a graus insuportáveis de exploração do trabalho são tão difíceis de serem oficialmente caracterizados.



¹ Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB); Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB); Central
Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical; Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e
União Geral dos trabalhadores (UCT).


Este aumento da intensidade do trabalho, ou intensificação do trabalho foi conseguido às custas de várias formas: aumento puro e simples dos ritmos de trabalho, adoção de políticas de “enxugamento de pessoal” com diminuição do número de trabalhadores, estabelecimento de objetivos difíceis ou quase possíveis de se alcançar. As novas políticas de “gestão”, estimulando a competição entre colegas de trabalho e instituindo práticas de individualização de responsabilidades, como os sistemas de avaliação individual de desempenho, aliados ou não a punições e prêmios, têm sido decisivas para explicar o aumento da intensidade do trabalho e seus efeitos negativos nos trabalhadores. O mesmo acontece com as formas de pagamento por produção, que incitam cada trabalhador a disputar consigo mesmo, numa corrida frenética.
É para se contrapor a este aumento do serviço, a esta intensificação do trabalho que a diminuição da jornada seria importante. Porque os prejuízos físicos e mentais que o trabalho provoca dependem tanto de sua intensidade (da quantidade de coisas que se tem que fazer por unidade de tempo) como de sua duração. Em geral, duração e intensidade variam em sentido opostos. Se a intensidade é muito grande, a duração tem que ser menor. É um pouco o que se passa com atletas em uma corrida: numa maratona, a duração é maior e a velocidade dos atletas é menor; exatamente o oposto do que ocorre numa corrida de velocistas. Ninguém consegue ser velocista e maratonista o mesmo tempo.
Assim, o alto grau de intensidade do trabalho atual, com todos os seus efeitos prejudiciais aos trabalhadores, é um dos motivos pelos quais a redução da jornada se torna tão importante.
Mas atenção: para que a futura redução da jornada atinja tanto seu objetivo de criar mais empregos como o de compensar, de certa forma, os efeitos prejudiciais da intensificação do trabalho, é preciso que se lute para que, depois de conquistada, não se aumente o serviço de cada um, que não cause mais intensificação do trabalho.
A luta contra o aumento da intensidade e pela redução da jornada é, pois, uma luta contínua. O aumento da intensidade acontece constantemente até um ponto onde se torna tão grande que põe em risco não só a saúde como a própria produção. Então, se luta pela redução da duração. Em cada momento histórico, um destes dois termos se torna mais relevante e sua conquista mais viável. No momento atual, a redução da jornada semanal para 40 horas é a reivindicação da vez e temos todas as condições para conquistá-la.

Redução da jornada de trabalho divide opiniões

Para sindicalistas, proposta geraria 2,5 milhões de novos empregos

Fonte: Jornal Bom Dia / Aline Mustafa

À espera de votação na Câmara e no Senado, a redução de jornada de 44 horas para 40 horas semanais gera opiniões contrárias. O assunto foi tema de uma manifestação nesta semana, em Brasília, na 6ª Marcha da Classe Trabalhadora.
Para o coordenador técnico do Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho), Wilson Cesar Ribeiro Campos, a proposta é positiva aos trabalhadores desde que não signifique aumento no ritmo do trabalho, o que pode ser prejudicial ao trabalhador.
“A redução da jornada deve servir para compensar o aumento de produtividade alcançado nas últimas décadas e tem de gerar aumento do número de trabalhadores empregados”, enfatiza.
Para os sindicalistas, a redução da jornada de trabalho geraria 2,5 milhões de novos empregos. O impacto sobre os custos das empresas seria de 1,99%.
Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada) revelam que é crescente o percentual de brasileiros ocupados que cumprem jornada acima de 44 horas – as horas extras. Esse percentual era de 30,6% em 1988 e pulou para 43,6%, em 2007 Econômica.
Wilson acredita que o Congresso dificultará a aprovação do projeto. “A forma como o Brasil enfrentou e saiu desta crise econômica demonstra que nossa economia é forte se tivermos um mercado fortalecido pela massa de trabalhadores. Esse é o principal fator contra o argumento de que a redução da jornada irá acarretar um custo maior para as empresas”, enfatiza.
O advogado trabalhista Marcos Vinicius Poliszezuk avalia que o projeto dificilmente será aprovado devido ao aumento no custo da produção dos empresários e consequente diminuição de seus lucros. “Não se trabalha
apenas 8 horas diárias numa empresa, e sim, as 24 horas. Neste patamar, se levada em consideração a necessidade do mercado, a redução das 44 horas semanais é prejudicial”,analisa.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Poder Público gasta R$ 750 milhões em cinco anos com salários acima do teto

Fonte:MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Os cofres públicos liberaram nos últimos 5 anos pelo menos R$ 750 milhões para pagar salários acima do teto constitucional para 1.061 servidores da União, dos Estados e de municípios. Uma auditoria realizada pelo procurador Marinus Eduardo Marsico, representante do Ministério Público no TCU (Tribunal de Contas da União), identificou casos de funcionários que recebem mais de R$ 100 mil em um único mês e têm até 11 fontes diferentes de remuneração.

A Folha Online teve acesso a um relatório que mostra um prejuízo anual calculado em R$ 154 milhões --considerando como teto o antigo salário pago aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que era de R$ 24,5 mil e foi reajustado, em outubro, para R$ 25,7 mil --e que envolve 604 órgãos dos três níveis administrativos.

Esses casos geralmente envolvem servidores que ocupam cargos comissionados em órgãos, governos e/ou poderes distintos dos de origem acumulando vencimentos sem informar à autoridade os excessos remuneratórios ou, ainda, aposentados que retornam ao serviço público preenchendo cargos de indicação política.

Os dados foram obtidos a partir de um cruzamento do Relatório Anual de Informações Sociais e do Sistema Integrado da Administração de Recursos Humanos entre agosto e dezembro de 2008. Segundo o procurador, o gasto irregular pode ser ainda maior porque a pesquisa não envolve aposentados e pensionistas de empresas estatais, do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, de Estados e dos municípios, além dos inativos das Forças Armadas.

Marsico apresentou na sexta-feira uma representação contra o Ministério do Planejamento pedindo que o TCU avalie a responsabilidade de gestores que não adotaram medidas para impedir o pagamento de remunerações superiores ao limite constitucional. Para o procurador, são claros os sinais de descaso com dinheiro público.

"O governo veta o reajuste de aposentados e pensionistas que as categorias estão reivindicando para o ano que vem, mas não faz nada para evitar que R$ 750 milhões sejam jogados fora por simples descuido. Esses pagamentos são irregulares. O teto é um bom salário", disse.

Na avaliação de Marsico, o governo tem se omitido para coibir os pagamentos acima do teto desde 2004, quando foi sancionada a Lei nº 10.887, que determinou a criação de um sistema integrado de dados contendo os salários e as aposentadorias de todos os servidores públicos de todos os órgãos municipais, estaduais e federais dos Três Poderes.

A lei ainda precisa ser regulamentada para determinar, por exemplo, a qual teto aplicar o limite e de quem seria a responsabilidade pelo corte de valores excedentes, estabelecendo ainda a proporção do desconto nas diferentes fontes, o destino dos recursos decorrentes da redução dos ganhos.

De acordo com o procurador, independente do banco de dados, os pagamentos acima do teto poderiam ser coibidos, se o governo já exigisse pelo menos que os servidores assinassem um documento dizendo se recebe aposentadoria ou outro tipo de fonte superando o teto previsto.

"É claro que as dificuldades para a implantação desse sistema são notórias. Agora, o governo não pode ficar esperando a criação desse banco de dados sem fazer nada. Essa é uma questão que, acima de tudo, também envolve a ética, envolve o dever do servidor de dizer a verdade", afirmou.

Polêmica

Em outubro, o plenário do TCU reforçou a polêmica, autorizando que deputados e senadores continuem ganhando salários acima do teto constitucional. Em resposta a uma reclamação da Câmara, o TCU disse que, até a criação do banco de dados, seria impossível colocar em prática o corte do teto.

A assessoria de imprensa do TCU negou que tenha liberado os salários acima do limite. Afirmou que o valor está valendo sim, mas que a operacionalização da lei é necessária. Além disso, disse que a União não pode obrigar os Estados a informarem os salários de seus servidores.

A medida envolve o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que ganham acima do teto. Além do salário da Câmara, Temer recebe como procurador do Estado de São Paulo.

Segundo reportagem da Folha, Sarney, recebe mensalmente pelo menos R$ 52 mil dos cofres públicos. Sarney acumula o salário de senador (R$ 16.500) e duas aposentadorias no Maranhão que totalizavam o valor de R$ 35.560,98 em 2007. À época, Sarney alegou o direito à privacidade para não se pronunciar sobre o assunto.

Mundo está a caminho de ficar 6º C mais quente, diz pesquisa

Fonte:da Folha de S. Paulo

Novos dados sobre as emissões mundiais de CO2 (dióxido de carbono, principal gás causador do efeito estufa) indicam que o planeta está a caminho de esquentar 6 graus Celsius neste século, se não houver um esforço concentrado para diminuir a queima de combustíveis fósseis.

"Existe um abismo claro entre o caminho que estamos seguindo e o que é necessário para limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius [nível considerado relativamente seguro por especialistas]", diz Corinne Le Quéré, pesquisadora da Universidade de East Anglia (Reino Unido) e coautora do novo estudo na revista científica "Nature Geoscience".

Na atual década, a principal responsável por puxar para cima as emissões é a China, com seu crescimento industrial alimentado pelo carvão mineral. Hoje, o país é o maior emissor do planeta.

No entanto, os EUA ainda respondem pelas maiores emissões per capita: 18 toneladas, contra 5,2 toneladas dos chineses (a média mundial é de 4,8 toneladas).

Desde 1982, a humanidade produziu 715,3 trilhões de toneladas de gás carbônico, quantidade que equivale ao total de dióxido de carbono emitido por todas as civilizações que existiram no mundo antes disso.

Consumo de drogas provoca 20% dos acidentes de trabalho

Um em cada cinco acidentes de trabalho no mundo é provocado pelo consumo de drogas, segundo relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgado nesta semana.

Durante cinco anos, a OIT estudou 38 empresas dos Estados Unidos, Europa e Ásia e concluiu que 67% das pessoas com algum tipo de dependência química estão no mercado de trabalho e 20% sofrem acidente de trabalho. Os acidentes são causados, principalmente, pela baixa capacidade de concentração e coordenação. A faixa etária mais atingida é a que vai de 20 a 35 anos.

Fonte: Band News TV