sexta-feira, 19 de março de 2010

Horários flexíveis de trabalho têm efeitos positivos sobre a saúde


Trabalho que faz bem para a saúde

Há evidências científicas suficientes para sustentar que a flexibilidade no horário de trabalho é benéfica para a saúde dos trabalhadores se lhes for permitido estabelecer seus próprios padrões pessoais de trabalho.

A conclusão é de uma revisão feita por cientistas da Universidade de Durham, na Inglaterra, cobrindo diversas pesquisas científicas armazenadas na biblioteca médica Cochrane.

Horário flexível de trabalho

Nos países escandinavos, condições de trabalho flexíveis para os trabalhadores que têm famílias são comuns.

No ano passado, o governo britânico ampliou uma legislação anterior que permitia que pais de crianças pequenas solicitassem a flexibilização nos horários de trabalho - agora, todos os pais com filhos menores de 16 anos têm o direito de requerer condições de trabalho flexíveis.

Embora se assuma que tais políticas são benéficas aos trabalhadores, é importante tentar entender os impactos específicos sobre a saúde em mais detalhes para que essas medidas possam ser ampliadas e serem otimizadas de forma a oferecer os maiores benefícios possíveis.

Escolhendo o horário de trabalho

A chamada Revisão Sistemática Cochrane incluiu dez estudos que pesquisaram as diferentes formas de trabalho flexível. O conjunto dos estudos envolveu um total de 16.603 pessoas.

A conclusão é que o auto-agendamento das horas de trabalho tem os impactos mais positivos sobre uma série de marcadores de saúde, incluindo pressão arterial, qualidade do sono e saúde mental.

Em uma das pesquisas revisadas, por exemplo, policiais que foram capazes de mudar seus horários de trabalho mostraram melhorias significativas no bem-estar psicológico em relação a policiais que começavam a trabalhar em um horário fixo.

Trabalho flexível

"O trabalho flexível parece ser mais benéfico para a saúde e o bem-estar quando as pessoas controlam seus próprios padrões de trabalho, mais do que quando são os empregadores que estão no controle," afirma a Dra Clare Bambra, que participou da revisão.

"Nós precisamos saber mais sobre como os efeitos do trabalho flexível sobre a saúde são experimentados por diferentes tipos de trabalhadores, por exemplo, comparando as mulheres aos homens, os mais velhos aos mais jovens e os mais qualificados com os não-qualificados," acrescenta Kerry Joyce, coautora do estudo.

"Isto é importante porque alguns tipos de trabalho flexível parecem estar disponíveis apenas para os trabalhadores com ocupações de status mais alto e isso pode servir para aumentar as diferenças existentes em matéria de saúde entre os grupos sociais," explica a pesquisadora.

Controle sobre o trabalho

"Essas descobertas certamente darão aos empregadores e aos empregados algo no que pensar. Estar no controle sobre como e quando nós vamos trabalhar é bom para nós e tem benefícios óbvios para a saúde. Os funcionários que são capazes de adaptar seus horários de trabalho para que eles se encaixem com o restante de suas vidas sentem-se muito melhor," conclui a Dra Bambra.

FONTE: Diário da Saúde

Japão quer que trabalhadores tirem mais férias

O Governo japonês recomendou nesta sexta-feira que as empresas do país devem encorajar seus trabalhadores a tirar duas semanas seguidas de férias.

A recomendação do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar japonês, não vinculativo, tenta evitar o excesso de horas de trabalho dos empregados japoneses, o que em algumas ocasiões causa problemas de saúde e levou alguns à morte por excesso de trabalho.

O Governo pediu às empresas que tentem estabelecer objetivos de férias remuneradas que durem duas semanas.

Segundo a agência local "Kyodo", o Ministério pediu que as empresas não permitam que seus trabalhadores sofram estresse, já que as extensas horas de trabalho, especialmente nos escritórios de todo o país, são uma das principais causas de problemas mentais na população.

Segundo os últimos dados oficiais, a média de férias de um trabalhador japonês em 2008 foi de 8,5 dias, 47,4% dos 18 dias que dispunham.

O Governo espera que em 2012 os trabalhadores utilizem 60% de seus dias de férias, e que até 2017 tirem os dias previstos em lei.

Fonte:G1

quinta-feira, 18 de março de 2010

EUA criticam produção de cana no Brasil

Produção de cana aparece associada ao trabalho escravo, trabalho infantil e à repressão ao movimento sindical

O Departamento de Estado americano faz quatro menções negativas à produção de cana-de-açúcar no Brasil em seu relatório anual sobre direitos humanos, o que tende a prejudicar os esforços da indústria de etanol para derrubar as barreiras tarifárias para exportar o produto aos EUA. A produção de cana aparece associada ao trabalho escravo, trabalho infantil e à repressão ao movimento sindical. São duas menções ao problema do trabalho escravo, uma de forma genérica e uma referência indireta, sem citar o nome, à Cosan. A produção de café e de algodão desapareceram do relatório.

Fonte: Valor Econômico

terça-feira, 16 de março de 2010

No RS, fiscais encontram 23 em situação análoga à da escravidão

Um grupo de 23 pessoas trabalhava em condições degradantes, consideradas análogas às da escravidão, na colheita de batatas de uma fazenda em Bom Jesus, no nordeste do Rio Grande do Sul. A exploração da mão de obra foi descoberta por fiscais do Ministério do Trabalho no último dia 6 e confirmada ontem.


Na investigação, os fiscais constataram que os trabalhadores, vindos do Maranhão, haviam sido aliciados no interior de São Paulo por uma pessoa identificada como Maria. No Sul, submetiam-se a um acordo pelo qual não tinham vínculo em carteira e eram pagos pela intermediária, que ficava com cerca de 30% do rendimento.

Os trabalhadores enfrentavam condições inadequadas tanto na lavoura quanto nos alojamentos. "Eles estavam dormindo no chão, sem banheiro e sem refeitório adequado", narrou a procuradora do Trabalho de Caxias do Sul, Priscila Boaroto.

O produtor rural, cujo nome não foi divulgado, teve de regularizar a situação dos trabalhadores, pagar verbas rescisórias e assegurar condições de retorno do grupo ao seu local de origem. A multa para cada obrigação descumprida é de R$ 30 mil.

O Ministério Público do Trabalho encaminhou relatório ao Ministério Público Federal para avaliação das medidas a serem tomadas na área penal.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 15 de março de 2010

Entre a Voz e o Ouvido

Trabalhadoras de telemarketing e teleatendimento tem a saúde ameaçada no ambiente de trabalho


O Diesat entrevistou no mês das mulheres Ana Soraya Vilasboas Bomfim, servidora federal do Ministério do Trabalho e Emprego, da Fundacentro - Centro Regional da Bahia (CRBA), Assistente Social, com Mestrado na linha de pesquisa do Trabalho e Sociedade CRH/UFBA.
A pesquisa de mestrado de Soraya sob o título: “ENTRE A VOZ E OUVIDO: o trabalho emocional e os impactos para a saúde dos trabalhadores do teleatendimento/telemarketing em Salvador” mostra os desafios das trabalhadoras deste setor.

Diesat: Como surgiu a iniciativa de fazer essa pesquisa?

Ana Soraya: Esta pesquisa foi motivada pelo movimento a favor de melhorias no ambiente de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores nas Centrais de Teleatividades , os afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho alarmavam-se nas centrais, porque as empresas de uma forma geral se reestruturaram nos anos de 1990 e desde então, vêm acompanhada pela revitalização do processo de acumulação de atividades através da automatização nas linhas de produção e fluxo contínuo no setor de prestação de serviços. Desse modo, no final de 2004, cartas de trabalhadores do setor de teleatendimento/telemarketing, foram enviadas à Fundacentro, denunciando a situação de trabalho em Salvador, vindo a confirmar as condições de trabalho como precárias e adoecedoras. Em 2005, a Fundacentro, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) , o Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e alguns Sindicatos (Bancários, Comerciários, Processamento de Dados, Correios, sobretudo o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia (SinttelBA)), constituíram um grupo interinstitucional para discutir e viabilizar algumas ações que viessem a minimizar as queixas dos trabalhadores. O trabalho interinstitucional visava à promoção da saúde dos trabalhadores em teleatendimento/telemarketing. Então, o interesse em realizar esta pesquisa sobre o trabalho dos teleoperadores e os impactos sobre a saúde, surgiu a partir dessa Ação Interinstitucional; valendo destacar também que, a cada momento do trabalho  os encontros, as oficinas, as cartas, as queixas, os depoimentos dos trabalhadores  foi determinante para realização dessa investigação.
A motivação para a pesquisa de mestrado de Ana Soraya Vilasboas Bomfim, sob o título: “ENTRE A VOZ E OUVIDO: o trabalho emocional e os impactos para a saúde dos trabalhadores do teleatendimento/telemarketing em Salvador”; dissertação apresentada ao Programa de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia, defendida em 04 de novembro de 2009, sob a orientação da Prof.a Dra. Graça Druck, foi pelo interesse em analisar e compreender a relação saúdedoença decorrente do processo de trabalho e da apropriação da emoção humana nesses serviços.
O objetivo geral da pesquisa é responder à seguinte questão: Como o capital, em seu processo de acumulação mais recente, constrói e transforma a emoção humana numa habilidade emocional “moldada”, como instrumento de trabalho para a produção de riqueza?

D: Quais foram as etapas para a realização da pesquisa ?

A.S.: O processo pelo qual passa toda a pesquisa: revisão bibliográfica sobre a precarização do trabalho no mundo e no Brasil e as transformações recentes no mundo do trabalho e suas implicações na saúde do trabalhador por meio de uma discussão teórica sobre saúdedoença como questão social, bem como das pesquisas já existentes no contexto da sociologia do trabalho e da saúde dos(as) teleoperadores(as) no Brasil; a metodologia baseou-se em estudo de caso, procurando captar as peculiaridades do “saber fazer”, através da ótica de quem faz, a fim de entender a realidade do trabalho nas centrais de teleatividade, utilizando conceitos e características da Sociologia do Trabalho e da Saúde do Trabalhador. Foram realizadas trinta e três entrevistas individuais e formado um grupo focal; neste caso, foram ouvidos teleoperadores das três maiores Centrais de Teleatividades da cidade de Salvador e os aspectos que levaram à seleção dessas empresas foram pela dimensão - em termos de quantitativos de trabalhadores - e também pelos dados obtidos em Relatório do INSS. (SOUTO, 2006) sobre o número de trabalhadores acometidos por doenças relacionadas ao trabalho. A Comissão de Saúde do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia (SinttelBA) foi um lócus fundamental para a pesquisa, pois a aproximação com os atores sociais ou teleoperadores ocorreu, a priori, nesse local; a pesquisa de campo foi realizada no período de janeiro de 2008 a maio de 2009 e por fim foi realizada a análise dos resultados sintetizando a discussão no terceiro e quarto capítulos da dissertação: “O trabalho do teleoperador e a empresa capitalista ‘moderna’”. As relações de trabalho dos operadores de teleatendimento/telemarketing e a dissertação “Entre a Voz e Ouvido: o trabalho emocional e os impactos para a saúde dos trabalhadores do teleatendimento/telemarketing”; abordando a situação de apropriação e subordinação da emoção humana no sistema capitalista; a saúde dos teleoperadores e o desvendar de corpos e mentes; o sofrimento daqueles(as) que perderam a capacidade de responder à avidez dos interesses da produção capitalista.

D: O que a pesquisa revela sobre a saúde das trabalhadoras desse segmento?

A.S.: Confirma que os(as) trabalhadores(as) das Centrais de Teleatividade de Salvador, vivenciam um processo de precarização, o medo sendo utilizado pela gestão que desestabiliza os coletivos, assim, a empresa neoliberal impõe um grau de sofrimento aos trabalhadores – diante de ameaça declarada a respeito do cumprimento de metas inatingíveis - dificultando a resistência da classe que vive do trabalho. Deste forma, o estudo revela que estamos diante de uma apropriação e subordinação da emoção humana, em suas condições objetivas e subjetivas que tem levado ao adoecimento crescente dos(as) teleoperadores(as). Pelos critérios de seleção do teleoperador para entrar na linha de trabalho, seja em atendimento ativo, receptivo ou ativo e receptivo, observa-se que o trabalhador(a) deve se apresentar como convém à tecnologia empregada, à solicitação do serviço ou produto da empresa contratante, ficando subordinados a roteiros pré-estabelecidos pelas contratadas seguidos de tempo estabelecido que determinará a ação e atuação em função do faturamento. Em nome da razão econômica, fica estabelecido o desenvolvimento do “como competir”, “como castigar”, “como agüentar”, “como ficar calado”, “como negar o sofrimento do outro”.
No caso do teleoperador(a), “sitiado na baia”, além da supervisão permanente por meio eletrônico, que tem como objetivo seguir um fluxo informacional que lhe exige capacidade cognitiva, controle das emoções, capacidade física e psíquica para obter resultados; “fóra da baia”, existe um cliente-usuário ávido para obter informações e resoluções; no caso do teleoperador ativo, de vendas, existe o sentimento de ter que lidar com a invasão da privacidade de outrem. Para os teleoperadores do século XXI, as estruturas das centrais de teleatividades representam a sociedade empresarial das Novas Tecnologias, onde o trabalho continua pouco prazeroso e alienante como o da fábrica, além de constituir uma sobrecarga física e mental com elevada prevalência de doenças osteomusculares, do sistema nervoso, do aparelho respiratório, e transtornos mentais e comportamentais.

D: A pesquisa mostra uma parcela dessas trabalhadoras (Salvador). Ao imaginar que tratasse de um problema nacional, qual o dado mais alarmante?

A.S.: As Mulheres nas Centrais de Teleatividades no contexto nacional e internacional, conforme observado pela pesquisa, mostra que esse segmento de trabalho, do setor de serviços é caracterizado por uma forma de organização pautada, sobretudo, no controle do tempo, devido à pressão gerada, resultante da velocidade com que o fluxo informacional demanda e quanto ao atendimento das metas impostas.
No caso de Salvador, a força de trabalho encontra-se, em sua maioria  seja ativa, receptiva, ativa e receptiva  ocupada por mulheres.

Tabela 5  Total de trabalhadores colocados pelo SINE em 2008, na família ocupacional,
Operadores de Telemarketing no Brasil.
N. TRABALHADORES / SEXO QUANTIDADE DE COLOCAÇÕES
N° %

FEMININO
46.297
72
MASCULINO 17.900
28

TOTAL 64.197 100


FAIXA ETÁRIA RESULTADO ENCAMINHAMENTO
QUANTIDADE DE COLOCAÇÕES %
1. Faixa 10 a 14 anos 2 --
2. Faixa 15 a 17 anos 929 1
3. Faixa 18 a 19 anos 14496 23
4. Faixa 20 a 24 anos 25498 40
5. Faixa 25 a 29 anos 13371 21
6. Faixa 30 a 39 anos 7325 11
7. Faixa 40 a 49 anos 2179 3
8. Faixa 50 a 59 anos 379 1
9. Acima de 60 anos 18 --
TOTAL 64.197 100
Fonte: Base de Gestão IMO/CSINE/CGER/DES/SPPE/MTE.


Esses dados se referem aos postos informatizados com o Sistema Integrado de Gestão das Ações de Emprego (SIGAE), que hoje correspondem a 60% da rede de atendimento. Dessa forma, a opção preferencial pela mulher se dá em função das suas supostas qualidades femininas, adquiridas no seu processo de “tornar-se mulher”: submissão, delicadeza, capacidade de sedução e paciência, constituem qualidades essenciais a esse tipo de atividade que tem, na emoção, a “matéria-prima” fundamental para responder às demandas, de modo a agradar todos os pólos envolvidos. E o dado que mais uma vez é claro e alarmante é que a empresa “moderna”, no caso, as centrais de teleatividades (CTAs), intensificam o trabalho, para uma lucratividade imperativa da sua base técnica, que, simultaneamente, sinaliza o adoecer pelo trabalho.

D: Cuidados, desafios e como os sindicatos podem auxiliar esses trabalhadores(as)?

A.S.: No caso dos trabalhadores de Centrais de Teleatividades, não há uma legislação referente à sua jornada de trabalho e é sabido o quanto isto é extremamente significativo para a saúde do trabalhador, em razão de evitar sobrecarga de trabalho. O que se tem, e o que este estudo encontrou a esse respeito, são dois Projetos de Lei ainda em tramitação no Congresso Nacional: Projeto de Lei 4.516/2004 e Projeto de Lei 2.673 de 2007. Essa é uma luta que caminha, vagarosamente, no sentido de assegurar direitos a esse “novo” trabalhador, pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Os sindicatos devem se movimentar para a garantia de sua regulamentação. Também é necessária uma campanha em âmbito nacional para que se faça cumprir de fato a NR-17, Anexo II – Telemarketing, pois a sua implementação no mundo real não se dá de modo efetivo e pacífico, existe forte resistência por parte do empresariado no cumprimento da legislação e, ainda que ela seja bem divulgada juntos aos teleoperadores, para que tenham conhecimento dos seus direitos e os riscos ocupacionais de sua atividade.

D: O dia internacional da mulher completará 100 anos, o que você espera que essas trabalhadoras ganhem no dia 8 de março?

A.S.: Historicamente esse é o dia da luta em que as mulheres urbanas e rurais trabalhadeiras se tornam visíveis, de todas as classes sociais na busca dos direitos e do respeito pela igualdade. A II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhague, Dinamarca, dá o marco a este dia, bem como em memória da líder revolucionária que atua entre as mulheres trabalhadoras da Russa Alexandra Kolontai que lembra: O dia das operárias em 8 de março de 1917, foi uma data memorável na história. A revolução de fevereiro acabara de começar’. Então, é fato que este é o dia que se recupera a trajetória de superações, de conquistas e que desde o seu início a questão sobre a proteção à saúde e à vida de todas as trabalhadoras está posta, e hoje mais do nunca é preciso que em todos os espaços onde haja mobilização de trabalhadoras, se fazendo necessário tornar público o que é privado, assim, deve-se falar da intensificação do trabalho e da precariedade do trabalho. A discussão, é trazer à luz da contemporaneidade, como a violência vem ocorrendo nos ambientes de trabalho, pois nos últimos tempos, em que a desestruturação produtiva se deu por meio de uma política neoliberal, as novas formas de organizar o trabalho, vem se estabelecendo com todo tipo de humilhação, constrangimento e assédio moral, mecanismos de controle e regulação para uma superexploração do trabalho. Portanto, as situações vivenciadas desde a Primeira Revolução Industrial, até os dias de hoje é de luta para mulheres e homens que vivem do trabalho. Nesse momento de encontros, pode-se discutir o sofrimento, o assédio moral e sexual e o adoecimento que advém destas relações de um trabalho cada vez mais flexível, precário e de “vergar” o outro é uma situação premente, bem como a busca de estratégias para uma situação de trabalho que se restabeleçam laços de solidariedade e à vida digna para a classe trabalhadora.
Devemos ressaltar ainda, que o foco da pesquisa não foi discutir sobre as relações de gênero nos serviços do teleatendimento/telemarketing. A dissertação se encontrará à disposição on-line no portal da Fundacentro em maio de 2010.
asoraya@fundacentro-ba.gov.br

Brasileiro denuncia tratamento 'escravo' em relatório britânico

Ingleses humilham imigrantes

Um relatório divulgado neste sábado pela Comissão de Direitos Humanos e Igualdade (CDHI) do governo da Grã-Bretanha afirma que milhares de empregados da indústria britânica de processamento de carne sofrem maus-tratos.

O documento afirma que um em cada cinco empregados do ramo já foi empurrado ou agredido e destaca a denúncia de um brasileiro que trabalha no leste da Inglaterra.

“Eu nunca vou me esquecer daquilo. Não sou escravo, só não falo inglês. Ele falou comigo como se eu fosse um animal ou alguma coisa assim. É tão horrível. Às vezes nem consigo dormir à noite, porque no dia seguinte preciso ir para aquele lugar horrível outra vez”, diz o brasileiro no relatório.

Entre as denúncias ouvidas pela comissão estão funcionários que teriam sido alvo de hambúrgueres congelados atirados por gerentes e mulheres grávidas que teriam sido obrigadas a ficar de pé durante longos períodos ou mesmo carregar peso, sob ameaças de demissão.

Imigrantes: Abusos verbais seriam ainda mais comuns. De acordo com a comissão, um terço dos entrevistados foi vítima ou testemunhou agressões verbais no local de trabalho.

Mesmo ir ao banheiro pode ser um problema para empregados da indústria da carne, segundo o relatório da CDHI. Há denúncias de pessoas que se sentem humilhadas por acabar se urinando na linha de produção, depois de não obter autorização para ir ao banheiro.

O relatório é especialmente revelador sobre as condições enfrentadas por imigrantes, já que um terço dos empregados permanentes e dois terços dos temporários seriam estrangeiros, embora a comissão destaque que o tratamento dispensado aos britânicos seja igualmente ruim.

Segundo o levantamento algumas agências de emprego que trabalham para a indústria da carne ameaçam imigrantes de não lhes oferecer mais trabalho caso não aceitem as ofertas imediatamente. Mesmo mulheres grávidas ou pessoas doentes seriam forçadas a aceitar trabalhos, até depois de longas jornadas.

Entre os entrevistados da comissão, 70% afirmaram ter sido tratados de forma diferente tanto por empregadores quanto por agências de trabalho por causa de sua raça ou nacionalidade.

Favorecimento: A CDHI também afirma que vários disseram que gerentes estrangeiros tendem a favorecer seus conterrâneos no que diz respeito à alocação, escalas e acesso a equipamento de proteção, além de facilitar a contratação para cargos permanentes.

A reclamação mais comum é que determinadas nacionalidades frequentemente são escolhidas para realizar as tarefas mais pesadas ou desagradáveis.

A comissão descobriu que a falta de domínio do inglês é um fator importante no tratamento dispensado aos funcionários. Aqueles que não dominam a língua acabam sendo vítimas mais frequentes de maus tratos.

O relatório afirma que 80% da carne processada pela indústria de processamento é fornecida às grandes redes de supermercados e sugere que essas cadeias assumam uma responsabilidade maior pelas condições de trabalho na indústria como um todo.

Fonte: Tudo Global

Medida simplifica prorrogação de contratos

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, assinou portaria na última sexta-feira que simplifica a prorrogação dos contratos de trabalho temporário. A partir de agora, as empresas poderão solicitar autorização para a prorrogação por meio do site do Ministério na internet (www.mte.gov.br), processo que levará de 48 a 72 horas, ante os 45 dias atuais. “Desburocratizamos todo o processo”, afirmou o ministro.

Pela legislação, os contratos de trabalho temporário têm duração de três meses, prorrogáveis por mais três. Antes da informatização, as empresas tinham de solicitar a prorrogação nas superintendências regionais do trabalho, por meio de uma série de documentos. “Caso a autorização fosse negada criava-se problemas para a empresa ou o trabalhador”, disse o ministro.

Vander Morales, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Terceirizáveis e Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sindeprestem), avalia que a medida vai beneficiar empresas, por agilizar o processo, e trabalhadores, que poderão ter seus contratos prorrogados sem entraves.

“A extensão do temporário é muito problemática e a portaria vai ajudar principalmente no trabalho sazonal, de períodos como Natal e Páscoa. Muitas vezes, três meses é pouco”, diz. Nas contas do sindicato, existem cerca de um milhão de trabalhadores temporários no País, 40% deles no Estado de São Paulo. A coordenadora-geral de Relações do Trabalho do ministério, Maria da Glória Bittencourt, informou que, com a informatização do processo, o ministério poderá fazer levantamentos e pesquisas a respeito do mercado de trabalho no Brasil.

Fonte: Bem Paraná