quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Trabalhar em local barulhento pode aumentar o risco cardíaco

O que é ruim para os ouvidos também pode fazer mal ao coração. Segundo estudo, pessoas que trabalham em locais ruidosos há pelo menos um ano e meio têm três vezes mais chance de sofrer um grave problema cardíaco do que quem trabalha em ambientes silenciosos.

Os pesquisadores da Universidade de British Columbia, nos EUA, examinaram, entre 1999 e 2004, mais de 6.000 pessoas com mais de 20 anos de idade. O estudo foi publicado na revista "Occupational and Environmental Medicine".

Os participantes foram solicitados a classificar o nível de barulho nos seus locais de trabalho e há quanto tempo estavam expostos a ele.

Após o cruzamento de dados, os pesquisadores concluíram que quem trabalhava em locais mais barulhentos tinha até três vezes mais chance de ter um ataque cardíaco ou dores no peito.

Segundo o cardiologista Carlos Alberto Pastore, do Incor, trabalhar sob constante ruído facilita a liberação de hormônios relacionados com o estresse: a adrenalina e o cortisol. "O gatilho que acelera o processo inflamatório das artérias é o estresse."

No entanto, para o médico, o estresse só é um problema quando passa a ser constante. Nesse caso, o estresse excessivo deve ser considerado um fator de risco como qualquer outro.

"Tudo aquilo que está relacionado à esfera emocional é um problema de saúde tão grave quanto o colesterol."

Fonte: Folha de São Paulo

Brasil quer afastar precaução ambiental de agrocombustíveis

Itamaraty trabalha para evitar que precaução a impactos na biodiversidade sejam debatidos na Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas

Na 10a Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas - de 18 a 29 de outubro, em Nagoya (Japão) -, o Brasil deve reforçar a disposição de evitar possíveis regulamentações ambientais para o setor de agrocombustíveis.

Segundo informações do Itamaraty, o governo deve dar prioridade aos interesses econômicos do país ante possíveis problemas ambientais envolvendo cultivos utilizados para a produção de agorenergia.

Durante a COP-9 em 2008, que foi realizada na Alemanha, o Brasil liderou manobras para postergar a decisão sobre a aplicação do principio da precaução - garantia contra os riscos potenciais à biodiversidade que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados em um determinado elemento ou evento - aos agrocombustíveis , o que rendeu uma inédita vaia pública aos diplomatas brasileiros.

O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à CDB da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja função é definir regras para a conservação da biodiversidade do planeta, seu uso sustentável e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos. A 8a Conferência das Partes (COP-8) teve inclusive Curitiba (PR) como sede.

Segundo o diretor do Departamento de Energia do Ministério de Relações Exteriores (MRE), ministro André Corrêa do Lago, os agrocombustíveis não deveriam ser discutidos na CDB, já que são tratados como tema prioritário em outros espaços, como a Convenção do Clima e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

"Não concordamos que um eventual impacto sobre a biodiversidade prejudique os agrocombustíveis, muito menos que se proponha uma moratória para o setor sob o princípio da precaução, como chegou a ser sugerido por países africanos. O que ocorre é que dá para produzir de forma boa ou de forma ruim. Vamos explicar como produzir de forma sustentável", defende.

De acordo com ele, "nada seria aprovado, se examinado do ponto de vista exclusivo dos impactos sobre a biodiversidade". "Temos que ter claro que, para o desenvolvimento de países pobres, as vantagens dos agrocombustíveis são mais importantes que as desvantagens", completa.

Na mesma direção, Pedro Brancante, que é subchefe da Divisão de Recursos Energéticos Renováveis do Ministério de relações Exteriores (MRE), afirma que a delegação brasileira desconsidera as incertezas científicas quanto aos agrocombustíveis. Para ele, o pais já desenvolveu pesquisas e práticas suficientes para comprovar a segurança dessas culturas e defende que, "mesmo passando por uma abordagem precautória, os agrocombustíveis não merecem ser objeto [da CDB] quanto à sua
incerteza científica".

"A CDB só enxerga um pedaço da cadeia, que trata da agricultura, e as culturas agroenergéticas são utilizada também para a produção de alimentos. Por isso, é incoerência singularizar os agrocombustíveis", prossegue.

Já Roberta Maria Lima Ferreira, da Divisão de Meio Ambiente do Itamaraty, explica que, na corrida pelos mercados agroenergéticos, o país tem feito investimentos altos e pretende garantir o retorno econômico. "O Brasil precisa se manter na liderança do setor [agroenergético]. Se não somos nós, outro país ocupa esta posição",
argumenta.

O posicionamento do governo brasileiro, que já causou preocupações entre movimentos e organizações socioambientalistas na COP-9 em 2008, vem gerando uma reação mais enfática neste ano.

Reunidas em Brasília nos dias 16 e 17 de setembro em plenária nacional para a elaboração de recomendações ao governo quanto à COP-10, as organizações exigiram que o posicionamento do Brasil "esteja voltado à conservação e uso sustentável da biodiversidade, pautando-se pelos princípios da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, principalmente o Princípio da Precaução". E continuam: "É inaceitável que a posição do Brasil se paute por interesses de mercado, subordinando a Convenção da Diversidade Biológica às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)".

De acordo com Gabriel Bianconi Fernandes, assessor técnico da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), a tendência implícita de defender interesses econômicos nas negociações da CDB (em detrimento de princípios balizadores já acordados) não apenas viola a legislação brasileira, como também ameaça a própria instituição.

"A Lei de Biossegurança do Brasil é baseada no princípio da precaução. Se o Brasil forçar um precedente com a exceção dos agrocombustíveis estará esvaziando a própria CDB. O Brasil é pioneiro nas pesquisas de cana transgênica, por exemplo, sendo que três pedidos de liberação planejada já tramitam na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)", coloca o representante da AS-PTA, que participou da plenária nacional. "Os agrocombustíveis tem um enorme potencial de impacto sobre a biodiversidade, uma vez que são produzidos no modelo de monoculturas extensivas, com grande exposição, uso de produtos químicos e dificílima prevenção de impactos sobre o meio ambiente. A começar por isso, é imprescindível que os agrocombustíveis sejam tratados na CDB, e à luz do princípio da precaução".

A pesquisadora da ONG Terra de Direitos, Camila Moreno, alerta, por sua vez, para estágios mais avançados da tecnologia genética na produção de agroenergia, como o uso da biologia sintética. Esse recurso já é aplicado pela empresa norte-americana Amyris no Brasil. "Eles fizeram modificações genéticas em uma levedura, pegaram um organismo vivo, esvaziaram seu DNA e implantaram um novo. E esses fungos são capazes de processar a cana em tempo recorde. Imagine o que pode ocorrer com o
ambiente se esses organismos ´fugirem´ do laboratório", alerta Camila.

Entre as recomendações elaboradas ao governo, as organizações sociais e ambientais exigem o apoio à aplicação do principio da precaução à produção de agrocombustíveis e de suas matérias primas; a identificação dos biomas sensíveis e de alta biodiversidade como zonas de exclusão da produção de agrocombustíveis e de suas matérias primas (à exceção das atividades em pequena escala e de forma sustentável de agricultores familiares, comunidades locais e povos indígenas); e o veto ao desmatamento de vegetação primária e secundária para a produção de agrocombustiveis.

Pedem ainda que seja assegurado que a produção de agrocombustiveis não venha a ameaçar a segurança alimentar e nutricional, comprometendo o alcance global dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs); e que o governo dê apoio à recomendação de moratória da biologia sintética, assegurando que não seja permitida qualquer liberação destes organismos no ambiente, e que o seu uso comercial seja proibido (inclusive em ambientes confinados, como no setor de biorrefinaria), até que se entenda e avalie os impactos ambientais, culturais e socioeconômicos desta tecnologia.

Fonte: Brasil de Fato

terça-feira, 5 de outubro de 2010

No Chile, engenheiros dizem que mineiros podem ser resgatados já no fim de semana

Engenheiros responsáveis pela operação de resgate dos 33 trabalhadores presos em uma mina no Chile há dois meses dizem que eles podem estar livres já no próximo fim de semana.

O presidente da mineradora chilena Geotec, Pedro Buttazzoni, disse à BBC que faltam apenas 160 metros para chegar até o local onde estão os mineiros, depois que as máquinas conseguiram perfurar 464 metros de pedras.

Segundo Buttazzoni, sua equipe deve conseguir terminar o trabalho em três ou quatro dias. Ele disse ainda que está sendo discutido se é realmente necessário forrar o túnel de resgate com um invólucro de metal como planejado, um processo que poderia levar vários dias.

Se ficar decidido que o forro não é necessário, é "perfeitamente possível" que os mineiros sejam trazidos à superfície até o fim de semana.

Progresso rápido
Há poucos dias, o presidente chileno, Sebastián Piñera, disse que as equipes "estavam muito perto" de resgatar os mineiros e que ele esperava que isso acontecesse antes de sua viagem à Europa, programada para o dia 17 de outubro.

"Eu espero que consigamos resgatá-los antes de eu ir para a Europa, eu quero dividir esse momento com os mineiros", disse ele.

O cronograma de resgate foi reduzido drasticamente depois que as três furadeiras utilizadas no local começaram a progredir rapidamente.

Na semana passada, o governo havia mencionado que as tentativas de resgate começariam na segunda metade de outubro, quando anteriormente o prazo se estendia até o início de novembro.
 
CÁPSULA
Assim que o túnel de resgate estiver pronto, uma cápsula de aço, projetada pela marinha chilena e construída especificamente para este propósito, será utilizada para retirar os trabalhadores da mina.

O plano é que oficiais da Marinha desçam para avaliar a situação e ajudar os mineiros a utilizar a cápsula. O processo de retirada de cada um dos homens presos deve durar uma hora.

Médicos dizem que os trabalhadores estão recebendo treinamento físico como preparação para o resgate. Eles também estariam tendo aulas com especialistas em relações públicas para aprenderem a lidar melhor com a atenção da mídia.

Os mineiros também têm utilizado as pequenas cápsulas por onde eles recebem comida e suprimentos para mandar para a superfície lembranças e objetos.
 
DÍVIDAS
Parentes dos homens presos na mina perto de Copiapó, a cerca de 725 quilômetros da capital Santiago, estão preparando uma festa para comemorar o resgate.

Recentemente, outros funcionários da mina fizeram um protesto dizendo que não haviam sido pagos desde o acidente.

Cantando "não somos apenas 33", cerca de 200 trabalhadores fizeram uma passeata em Copiapó cobrando o dinheiro da empresa, que tem grandes dívidas e está enfrentando ações na Justiça movidas por familiares dos mineiros presos.

Fonte: Folha de São Paulo

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lojas Marisa aceitam combater trabalho degradante de subcontratados

Após seis meses de negociação, a rede de lojas Marisa assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a fiscalização do Ministério do Trabalho e com a Defensoria Pública da União para combater trabalho degradante, forçado e precário em 50 fornecedores diretos e subcontratados dessas empresas. A assinatura do compromisso ocorreu na última quarta-feira.

Em março deste ano, a Marisa foi autuada em cerca de R$ 600 mil após fiscais do trabalho encontrarem trabalhadores bolivianos em condições análogas à escravidão em oficina que prestava serviço à rede, localizada na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de São Paulo).

Trabalho análogo ao de escravo é aquele em que a pessoa é submetida a condições degradantes, como servidão por dívida (trabalhador tema liberdade cerceada por dívida com o empregador), corre riscos no ambiente de trabalho e faz jornadas exaustivas (acima de 12 horas, como prevê a lei).

"A Marisa entende que é condição básica para atuar com um fornecedor que ele siga princípios de responsabilidade social e mantenha suas relações trabalhistas de acordo com a legislação vigente", informou a rede.

Até o final deste ano, estão previstas cerca de 400 auditorias em fornecedores e subcontratados da loja na capital paulista --escolhidos pela rede em função de valores de seus contratos e por estarem situadas em locais com maior potencial de incidência de problemas trabalhistas.

Segundo a Defensoria Pública da União em São Paulo, as auditorias serão feitas sem agendamento e de modo aleatório para verificar a situação migratória e trabalhista dos trabalhadores estrangeiros que estiverem prestando serviços a fornecedores ou a subcontratados deles.

'Quando houver desconformidade, a Marisa Lojas deverá saná-las em prazos que variam de 15 a 120 dias, dependendo do problema', informa a DPU.

Para Renato Bignami, chefe da seção de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo, um dos pontos mais relevantes do compromisso é que a loja não irá simplesmente cortar o
fornecedor se detectar irregularidades trabalhistas. 'O principal avanço é que o fornecedor terá de apresentar um plano de regularização que será acompanhado pelas auditorias da Marisa. Se o contrato fosse
simplesmente rompido (ao serem detectados problemas), aquele fornecedor ou oficina poderia transferir o problema para outro varejista ou mandar embora os trabalhadores, o que não resolveria o problema.'

Se o termo de ajustamento de conduta for descumprido, a Superintendência Regional do Trabalho informou que a rede pode receber multa de R$ 2.000 por trabalhador 'diretamente atingido'.

A partir do próximo mês, 15 fornecedores da loja deverão ser visitados também pela fiscalização do trabalho que irá acompanhar o processo de terceirização na cadeia produtiva. 'Oficinas sem CNPJ, sem capacidade
adequada para atender a demanda e que exigem jornadas exaustivas de funcionários são os principais problemas que verificamos no passado e que devem ser sempre evitados', disse Bignami.

Em relação aos trabalhadores encontrados em condições irregulares na fiscalização realizada em fevereiro deste ano em uma oficina que prestava serviço à rede, a Marisa informou que 'reconhece sua responsabilidade social sobre as condições de trabalho na sua cadeia produtiva e por isso aperfeiçoou seu programa de auditorias para implementação de boas práticas'. Em nota, a empresa afirmou ainda que
'entende que a responsabilidade jurídica pelos direitos destes trabalhadores é de seus contratantes diretos'.

Fonte: Folha de São Paulo