sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Participação do governo na Petrobras sobe de 40% para 48%, diz Mantega

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta sexta-feira que, com a capitalização, a parte do governo na petrolífera sobe de 40% para 48% do capital total.

Essa participação engloba as novas ações compradas pela União, por meio da cessão de barris de petróleo, além de papéis adquiridos pelo BNDESPar, pela Caixa Econômica Federal e pelo Fundo Soberano do Brasil.

O objetivo jamais declarado pelo governo era voltar a ter 50% do capital da Petrobras, como ocorria até o governo Fernando Henrique Cardoso. A meta só não foi atingida devido à forte demanda dos atuais acionistas, que tinham direito a comprar os papéis na proporção de 34% de suas posições.


"O Brasil não terá 'a maldição do petróleo'. Eu diria que será 'a benção do petróleo'", disse o ministro, durante cerimônia na BM&F-Bovespa. "A capitalização da Petrobras é um sinal dos bons tempos que o Brasil vive", acrescentou.

Na parte da oferta destinada aos antigos acionistas, houve um rateio das sobras mas não há confirmação do critério e da proporção definida para atender as reservas. Mas é fato que o governo não saiu satisfeito.

A adesão dos investidores pessoa física na fase não prioritária, destinada aos investidores em geral, também surpreendeu. O rateio definido foi de 45,77% dos valores pedidos. Quem pediu reserva de R$ 10 mil, por exemplo, só levou R$ 4.577 em ações.

CAPITALIZAÇÃO
Ontem à noite, a empresa anunciou que levantou R$ 120,36 bilhões (US$ 70 bilhões) na maior venda de ações já feita no mercado de capitais. O montante equivale a 4,2% do PIB brasileiro em 2009.

Desse total, até R$ 74,8 bilhões virão do governo na forma de barris de petróleo. Dinheiro assegurado até agora são R$ 45,6 bilhões. A captação supera as ofertas da japonesa NTT (US$ 36,8 bilhões) e do chinês AgBank (US$ 22,1 bilhões).

PREÇO DAS AÇÕES
As novas ações saíram a R$ 29,65 (ON) e a R$ 26,30 (PN), com desconto em relação ao preço de ontem na Bolsa. A interpretação foi que os grandes investidores não conseguiram levar integralmente os papéis que fizeram reserva e tentavam, ontem, comprar as ações antes de uma possível alta. Neste ano, as ações chegaram a cair 20%. O preço na oferta é fixado com base na demanda dos grandes investidores, que pedem um "desconto" para não comprar os papéis na Bolsa.

Capitalizada, a Petrobras terá recursos para deslanchar seu plano de exploração no pré-sal, uma das últimas reservas conhecidas de petróleo no mundo. A estatal deixa ainda a condição desconfortável de empresa no limite de endividamento --a Petrobras corria risco de perder a avaliação de "grau de investimento", espécie de selo de bom pagador.

Com o preço definido, os novos papéis são distribuídos imediatamente e começam a ser negociados amanhã na Bolsa de Nova York. O presidente Lula comandará a festa hoje na BM&F Bovespa com direito a discurso nacionalista, apesar de os papeis só estrearem no Brasil na segunda.


Fonte: Folha de São Paulo




Grupo discute melhorias das condições de trabalho no Paraná

Elaborar propostas para melhorias no ambiente de trabalho, prevenir acidentes e assegurar a saúde do funcionário. Estes são os objetivos do grupo de discussão criado, em parceria, pelas secretarias estaduais de Saúde, de Trabalho, centrais sindicais, setor privado e Organização Internacional do Trabalho (OIT). O decreto que instaura o grupo foi assinado pelo governador do Paraná, Orlando Pessuti, nesta quarta-feira (22), em Curitiba. “Devemos combater tudo que não é digno ao trabalhador”, destacou o governador.

O Paraná foi o terceiro estado do Brasil a organizar ações para formulação de uma Agenda do Trabalho Decente. As discussões desta quarta-feira são a última etapa de ciclos de debates que ocorreram nas regiões de Londrina, Maringá, Guarapuava e Foz do Iguaçu. Pessuti avaliou que as discussões antecipadas nas macrorregiões são importantes porque atendem as especificidades locais e permitem uma seleção do que é prioridade para o Paraná.

De acordo com a OIT, um trabalho decente é aquele que remunera adequadamente o funcionário, é exercido em ambiente seguro, oferece condições de liberdade, igualdade e garante uma vida digna ao trabalhador.

As propostas serão encaminhadas à Conferência Nacional da Agenda do Trabalho Decente da OIT, que acontecerá em dezembro, na cidade de São Bernardo do Campo (SP) com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O secretário de Saúde, Carlos Moreira, disse que apesar de o Paraná ter evoluído em muitos indicadores de saúde como mortalidade materna infantil, nos últimos 10 anos, percebeu-se uma estagnação na redução dos acidentes de trabalho. “É preciso enfrentar essa questão”, afirmou Moreira.

De acordo com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), o Brasil registra um acidente de trabalho por minuto. No Paraná, a cada dez minutos ocorre um acidente de trabalho, e uma pessoa morre por dia em decorrência de acidente de trabalho. O secretário destacou outras ações do governo estadual direcionadas para a saúde do trabalhador como os Centros de Referência de Saúde do Trabalhador. Orlando Pessuti ressaltou o piso regional como outra política pública em prol do trabalho decente.

Tércio Albuquerque, secretário de Emprego, Trabalho e Promoção Social afirmou que a secretaria está aberta para diálogos com centrais sindicais, empresas e indústrias. “O trabalhador tem apoio incondicional da secretaria e do governo estadual”. O governador Pesuti destacou que o desenvolvimento sustentável só é possível se houver consolidada “uma base para o trabalho decente”.

Fonte: Agência de Notícias do Estado do Paraná

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Após 60 dias de greve de fome dos mapuches, impasse continua

Presidente chileno assinou um projeto para modificar a Lei Antiterrorista que, segundo os indígenas, é insuficiente

Depois de mais de 60 dias do início da greve de fome levada a cabo por 34 presos da etnia mapuche, continua o impasse com o governo chileno a respeito das reivindicações do povo indígena.

Os presos mapuches anunciaram, na última quinta-feira (09), que estão dispostos a chegar “às últimas consequências” com o protesto que fazem contra a lei antiterrorista, utilizada pelo governo chileno no julgamento de indígenas envolvidos em conflitos para retomada de suas terras ancestrais.

No mesmo dia, o presidente chileno, Sebatián Piñera, assinou um decreto que modifica a aplicação da lei antiterrorista. De acordo com a proposta de Piñera, são estabelecidos quatro eixos que buscam tipificar melhor o crime terrorista, fortalecer o processo dos que são julgados por essa lei, racionalizar as penas para que sejam justas, e não excessivas, e também fortalecer a capacidade de investigar estes crimes.

No entanto, para os indígenas, as reformas propostas pelo presidente chileno ao instrumento legal são “absolutamente insuficientes”.

A Lei Antiterrorista foi instituída na época da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e, desde essa época, o movimento indígena é considerado pelo governo chileno como terrorista. A lei permite que os acusados de terrorismo sejam mantidos presos preventivamente por até dois anos e que suas penas sejam triplicadas, entre outras coisas.

Os mapuches afirmam que são presos políticos, e não terroristas. Assim, não devem ser julgados com base nesta lei. Suas demandas referem-se a "terras ou ao exercício de direitos políticos", o que, para eles, não poderia ser classificado como terrorismo.

Os presos políticos pedem a devolução de suas terras ancestrais, a desmilitarização destes territórios, o fim da aplicação da Lei Antiterrorista, a liberdade de todos os presos políticos do povo mapuche e o tratamento igualitário na justiça.

Novo conflito
Nesta segunda-feira (13), dois dos presos mapuches em greve de fome, Jonathan Huillical e José Huenuche, tiveram de ser levados ao hospital de Concepción, que fica ao sul da capital chilena Santiago, por apresentarem problemas de saúde. Durante a transferência dos indígenas, a mãe de Ramón Llanquileo, que também está preso, foi agredida por um agente policial, o que acabou gerando um conflito entre os mapuches e a polícia.

Segundo relato de alguns mapuches, a ação da polícia foi violenta, resultando em 30 indígenas feridos e 13 presos, acusados de desordem e danos ao hospital. Entre os detidos estão quatro representantes dos mapuches em greve de fome.

Apoio
O protesto dos indígenas tem recebido apoio dentro e fora do país. No dia nove, quatro deputados chilenos, membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, em solidariedade aos presos mapuches, somaram-se à greve de fome. O presidente da Conferência Episcopal do Chile, Dom Alejandro Goic Karmelic, também manifestou apoio e pediu ao governo que sejam dados “passos significativos” para a solução do impasse.

Na sexta-feira (10), 34 parlamentares europeus pediram ao presidente chileno uma “solução imediata” para o conflito. Em nota, eles solicitaram que seja suspensa a aplicação da lei antiterrorista contra o povo mapuche e que se busque “uma solução satisfatória a longo prazo para a situação social, econômica, cultural e judicial dos mapuche”.

Luta histórica
A greve de fome dos presos mapuches começou no dia 12 de julho. Dos 34 indígenas, 32 estão sem comer há mais de 60 dias. Eles fazem greve de fome líquida, ficando somente a base de água.

Durante anos os mapuches têm realizado protestos pela recuperação de seus territórios, ocupados por empresas madereiras e fazendeiros. No entanto, suas ações são criminalizadas pelo governo chileno. 
Atualmente, cerca de 106 indígenas estão presos, foram condenados ou processados no Chile por causa de conflitos pela retomada de suas terras.

Os mapuches são o povo indígena mais numeroso do Chile. Representam 6,6% da população total, de 16 milhões de habitantes.

Fonte: Brasil de Fato

Grécia vive novo dia de greves e protestos

A Grécia vive nesta quarta-feira (22) uma nova onda de protestos, desta vez protagonizada pelos empregados ferroviários e das transportadoras, contra a política de economia do governo para reduzir a dívida do país.

Os funcionários das ferrovias realizam nesta quarta e quinta uma greve de cinco horas a partir das 12h locais (6h de Brasília) que deve provocar cancelamentos e modificações em trajetos nacionais e internacionais.

Os trabalhadores protestam contra a decisão do Governo de privatizar a empresa e as políticas de corte de salários para diminuir as perdas de dez bilhões de euros anuais da companhia.

Além disso, milhares de caminhoneiros, que há uma semana mantêm uma greve em protesto pela liberalização do setor, se encontram concentrados junto ao Parlamento, em Atenas, e interrompem o tráfego regularmente.

A greve dos caminhoneiros já causa problemas de desabastecimento na indústria e no comércio.

Além disso, grupos de agricultores se concentraram nesta quarta-feira no centro da capital para manifestações contra o Executivo, que exige que sejam usadas caixas registradoras para controlar mais seu faturamento na venda de seus produtos nos mercados, assim como o aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA).

O sindicato de funcionários convocou uma greve de 24 horas para o próximo dia 7 de outubro contra a redução salarial e o atraso da idade de aposentadoria aprovado pelo Governo.

No dia seguinte, começarão no Conselho de Estado as audiências sobre a denúncia que os funcionários apresentaram contra o acordo do Governo com o Fundo Monetário Internacional e a eurozona, pelo qual a Grécia receberá 110 bilhões de euros em créditos em troca de uma dura política de economia.

Fonte: Folha de São Paulo

Mesmo pós-graduadas, mulheres ganham até 51% menos que homens

Os salários entre homens e mulheres têm diferenças de até 51%, segundo pesquisa da Catho Online. Mesmo com pós-graduação, as remunerações continuam diferentes. O levantamento envolveu 164 mil entrevistados de 20 mil empresas no país.

Na comparação entre sexos ocupando o mesmo cargo, a pesquisa aponta que os homens ganham mais que as mulheres em todos os níveis, com destaque para a gerência, onde eles ganham, em média, 51,6% a mais que as mulheres, seguido do operacional (50,7% mais) e técnico (37,5% mais).

No cargo de direção, a diferença chega a 35,5% a favor do homem e, no cargo de supervisão, de 32,2%.
Apesar de ainda ganharem menos que os homens, no quesito escolaridade as mulheres possuem indicativos maiores que os eles: 63,7% das mulheres têm ensino superior -- 44,2% são graduadas e 19,5% pós-graduadas.
No caso dos homens o percentual é de 55,3% --38% com graduação e 17,3% com pós.

'Mesmo as mulheres se preparando tão bem para o mercado de trabalho, elas ainda possuem salários menores. Observamos grandes diferenças salariais tanto para cargos operacionais como gerenciais, ou seja, as diferenças ainda ocorrem de forma expressiva em vários níveis hierárquicos', aponta Silvana Di Marco, gerente da Pesquisa Salarial.

Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Prazo para pedir segunda via do título de eleitor termina nesta quinta

Quem perdeu título ou teve o documento extraviado deve pedir reimpressão. Pedido pode ocorrer em qualquer cartório, mesmo fora do domicílio eleitoral.

Os eleitores têm até a próxima quinta-feira (23) para solicitar a segunda via do título de eleitor. A partir deste ano, o uso do título será obrigatório da hora de votar juntamente com um documento oficial com foto - até as últimas eleições, era permitido votar com apenas um dos documentos.

A exigência dos dois documentos está descrita na lei 12.034/2009, conhecida como a minirreforma eleitoral Entre outras questões, essa lei introduziu regras para campanha na internet e determinou a impressão do voto eletrônico a partir de 2014.

De acordo com a Justiça Eleitoral, é permitido pedir a segunda via em qualquer cartório eleitoral do país, mesmo fora do domicílio do eleitor. Para obter a segunda via, é preciso levar documento oficial com foto.

Os documentos oficiais aceitos pela Justiça Eleitoral, tanto para retirar a segunda via do título como para votar, são: documento de identidade, identidade funcional, carteira profissional, carteira de motorista, certificado de reservista ou passaporte. A Justiça Eleitoral destaca que certidões de nascimento ou casamento não são aceitas em nenhum dos casos.

Só pode pedir segunda via quem já requereu até 5 de maio a inscrição eleitoral.

Em alguns cartórios, a reimpressão é feita na hora. O prazo final para os cartórios entregarem a segunda via para quem pediu o documento é 2 de outubro, véspera do primeiro turno da eleição.
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estão aptos para votar 135,8 milhões de eleitores neste ano.
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Mensagem
Por conta da campanha "Eleições Limpas", parceria entre o TSE e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), eleitores estão recebendo nesta semana mensagens SMS sobre o prazo para solicitar a segunda via do título.

Conforme o TSE, somente clientes da operadora Vivo recebem as mensagens. Trata-se da terceira mensagem enviada por meio da parceria: as outras abordaram a importância do voto consciente.

Fonte: G1

Bancários atrasam abertura de agências em SP

Categoria realiza ato por reajuste salarial, participação nos lucros e mais benefícios

Os bancários vão atrasar a abertura de agências e centros administrativos do Centro de São Paulo nesta terça-feira, 21, quando realizam o Dia Nacional de Luta da categoria. O ato, que estava previsto para começar por volta das 7 horas, faz parte da Campanha Nacional Unificada 2010. A categoria, que tem data-base em 1º de setembro, reivindica aumento real de 5%, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale-refeição, vale-alimentação, auxílio-creche e pisos salariais maiores, além de auxílio-educação para todos e melhores condições de saúde.
No Dia Nacional de Luta serão distribuídas fitinhas da campanha de mídia "Outro banco é preciso. Amarre-se nessa ideia!", na cor branca, que representa as reivindicações, e vermelha, da mobilização. O ato da Campanha Nacional Unificada 2010 ocorre um dia antes da quinta rodada de negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), quando os banqueiros deverão apresentar proposta ao Comando Nacional dos Bancários. Uma assembleia está marcada para 28 de setembro, quando os trabalhadores apreciarão a proposta e decidirão os próximos passos da Campanha Unificada 2010.

 Fonte: Solange Spigliatti, do estadão.com.br 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Funcionários de hospital em SP protestam por falta de pagamento; médicos fazem greve

Enfermeiros, auxiliares de enfermagem e técnicos do hospital Sorocabana (zona oeste de SP), que protestam desde as 7h desta segunda-feira em frente à unidade, dizem que não recebem pagamento há três meses. Por conta disso, os médicos do local já estão em greve há um mês, segundo eles.

O grupo de cerca de 70 pessoas bloqueou duas faixas da rua Faustolo, no bairro da Lapa, e diz que não vai sair de lá enquanto não receber um posicionamento concreto da direção do hospital. Apenas os serviços terceirizados, como limpeza e segurança, continuam funcionando.

A própria administração admite que é preciso R$ 6 milhões para sanar as dívidas do hospital, que é mantido pela ABHS (Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana). Antes da associação assumir, gestões anteriores sofreram denúncias de desvio de verba e administração irregular.

A enfermeira Luciana Messias, uma das coordenadoras da manifestação, diz que 30% dos funcionários se revezam para atender os poucos pacientes --o local tem 217 leitos, mas apenas 20 estão ocupados.

Ela afirma que o grupo tenta negociar há tempos com a direção, mas que não há nenhuma previsão de quando os funcionários vão receber o pagamento.

Outros benefícios, como salário maternidade e FGTS, também estariam atrasados. Michele Aparecida Lopes, 26, está em licença maternidade e conta que ainda não recebeu o benefício.

O diretor de relações institucionais do hospital, Spartaco Angelo Martinelli, afirma que está ciente dos problemas, mas que não há como efetuar os pagamentos sem o aporte de R$ 6 milhões.

Segundo ele, o atendimento voltado quase que exclusivamente ao SUS (Sistema Único de Saúde) dificulta a administração e é insuficiente para pagar todas as despesas do hospital. Ele afirma que pretende manter o diálogo com os funcionários e buscar parceiros na iniciativa privada e nas secretarias municipal e estadual de Saúde pra investir no hospital.

Além da busca por apoio financeiro, um próximo passo, segundo ele, seria ampliar o número de atendimentos particulares e formar convênios para atender as classes B e C.

Fonte: Folha de São Paulo

Foto: Folha Online

Dados preliminares indicam queda recorde de desmatamento na Amazônia

O governo brasileiro trabalha com a indicação de que o desmatamento na Amazônia, no período 2009-2010, será o menor da série histórica, iniciada em 1977 --superando inclusive o resultado recorde verificado no período anterior, em 2008-2009.

O número oficial ainda está sendo processado pelo Prodes (Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas), sistema ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e será divulgado em novembro. Mas o Ministério do Meio Ambiente já considera "viável" esperar algo entre 5.000 km2 e 6.000 km2 de área desmatada no período.

"É claro que temos de ser cautelosos, pois o resultado pode ser afetado por uma série de fatores. Mas pelos nossos cálculos, dá para falar de algo em torno de 5.000 a 6.000 km2", disse à BBC Brasil a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Se o número for confirmado, o país terá antecipado, para este ano, a meta de desmatamento prevista para 2015, de acordo com Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Pelas metas, o desmatamento na Amazônia Legal terá de cair para 5.000 km2 até 2017.

O Brasil já havia registrado queda recorde no desmatamento no período 2008-2009, quando as derrubadas somaram 7.400 mil km2.
 
FISCALIZAÇÃO
A estimativa de novo recorde foi feita com base nos dados do Deter, levantamento via satélite também ligado ao Inpe, que fornece dados de forma mais rápida, mas menos precisos que os do Prodes.

De acordo o Deter, que não "enxerga" áreas desmatadas com menos de 25 hectares, o desmatamento na região amazônica chegou a 2.294 km2 entre agosto de 2009 e julho de 2010 --uma redução de 48% em relação ao período anterior.

"O sistema do Deter nos permite ter uma ideia do que virá no Prodes, apesar de não haver uma relação direta. E também estamos considerando o fato de que a cobertura de nuvens foi menor no ano passado. Ou seja, podemos ter uma expectativa mais precisa", diz a ministra.

Segundo ela, os números indicam que a estratégia de fiscalização "funcionou". Uma das explicações está no uso de novas tecnologias que permitem detectar um maior número de áreas desmatadas, diz.

Mas a principal razão da queda, na avaliação de Izabella Teixeira, está na ideia de uma fiscalização maior sobre toda a cadeia produtiva.

"A ideia disso é fazer não apenas uma fiscalização dirigida ao desmatador, mas também ao fornecedor e à destinação. Fomos atrás não apenas do desmatador, mas também de quem processa. Assim, aquele que quer comprar começa a sair do jogo", diz.
 
CRÍTICA
Já o coordenador de campanhas do Greenpeace na Amazônia, Rafael Cruz, diz que existe uma tendência de redução do ritmo de desmatamento, mas que esse resultado exige uma análise "mais crítica".

"Existe, sim, uma tendência de queda na taxa de desmatamento. Mas isso não quer dizer que o governo esteja no controle dessa tendência", diz.

Segundo o especialista do Greenpeace, os principais motivos por trás das reduções de desmatamento, geral, são "motivos de mercado", como a produção de carne e de soja.

"Os termos de conduta assinados pelos frigoríficos no ano passado (se comprometendo a não comprar carne de fornecedores que estejam na "lista negra" do Ibama), são exemplo de que a solução acaba vindo do mercado", diz Cruz.

Para ele, o governo "não tem governança para a Amazônia". A consequência é que acaba dependendo apenas da fiscalização, que, apesar de ser um trabalho necessário, "não é uma solução estruturante".

Cruz também chama atenção para o número absoluto, e não apenas à taxa de redução do desmatamento.
"Ainda que a gente chegue a 5.000 km2 de desmatamento, essa é uma área equivalente à do Distrito Federal. Será que é motivo para comemoração?", questiona.
 
CERRADO
Enquanto o governo comemora a redução do ritmo de desmatamento na Amazônia, outro bioma vem perdendo terreno em ritmo acelerado: segundo dados do IBGE, o cerrado brasileiro encolheu pela metade até 2008, na comparação com sua área original.

A situação desse bioma, que é o segundo maior do país em extensão, está sendo agravada este ano em função do aumento do número de queimadas. Até o início de setembro, foram registrados 8.113 focos de queimada --número 386% acima do verificado em 2009.

A seca é uma das causas, mas ambientalistas também estão preocupados com o "oportunismo" de alguns, que aproveitam o clima desfavorável para "incentivar" as queimadas.

A ministra do Meio Ambiente diz que o governo reconhece o problema, mas acrescenta que o plano de ação para o cerrado, lançado na semana passada, deverá "facilitar" o trabalho de proteção da região.

Entre as ações, que envolvem 15 ministérios, está a demarcação de 5,5 milhões de hectares de terras indígenas e a oferta de crédito rural para os produtores que aderirem a um programa de recuperação, o que pelos cálculos do governo pode chegar a 8 milhões de hectares.

"A idéia ali no cerrado é unir a questão ambiental à agenda climática, considerando ainda o potencial econômico da região. Por exemplo: damos crédito e proibimos que o pequeno agricultor provoque novos desmatamentos", diz.

Fonte: Folha de São Paulo.

Brasileiros são os que mais esperam cuidados da família na velhice, diz estudo

Os brasileiros são os que mais esperam ser sustentados pela família na velhice, segundo uma pesquisa feita em 12 países.

A pesquisa da multinacional de seguro de saúde Bupa, conduzida pela universidade London School of Economics, foi feita com mais de 12 mil entrevistados em junho deste ano. No Brasil, 1.005 pessoas foram ouvidas.

Três em cada quatro brasileiros entrevistados disseram acreditar que sua família vai sustentá-los na velhice.
Em países como França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Alemanha, menos de 70% das pessoas acreditam que serão sustentadas pelos parentes ao chegarem a velhice.

Os brasileiros também estão entre os que mais acreditam que a responsabilidade de ser sustentado na velhice é dos seus familiares -- dois em cada três entrevistados manifestaram esta visão na pesquisa da Bupa. Na Grã-Bretanha, menos de 30% atribuem à família a responsabilidade de sustentá-los na velhice.
 
PLANEJAMENTO
O estudo também revelou que os brasileiros são os que mais têm expectativas positivas sobre chegar à terceira idade - 17%.

Os brasileiros só perdem para os franceses na "sensação" de juventude. Entre os entrevistados com 65 anos ou mais, 72% disseram que não se sentem velhos, e 67% se declararam saudáveis.

No entanto, apesar da perspectiva positiva sobre a terceira idade, 64% dos brasileiros disseram não estar se preparando financeiramente para a velhice. Menos de 7% das pessoas disseram estar separando dinheiro para quando pararem de trabalhar.

"É realmente animador ver que tantos brasileiros não se sentem velhos e estão até com boas expectativas sobre a velhice, mas as pessoas não podem ser complacentes", disse o diretor médico da Bupa International, Sneh Khemka.

Os brasileiros também estão entre os que menos atribuem ao Estado o papel principal no sustento das pessoas idosas. Como nos Estados Unidos, Alemanha e Índia, menos de 10% dos brasileiros acreditam que a responsabilidade maior no cuidado de idosos é do Estado.

Na China e Grã-Bretanha, mais de 25% dos entrevistados esperam que o Estado os sustentará na velhice.
A pesquisa revelou que a principal preocupação das pessoas ao chegar à velhice é com doenças como câncer (para 34% dos entrevistados nos 12 países) e demência (23%).