segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia da Mulher comemora 100 anos de luta

Mais independentes, participativas e motivadas. No ano em que se comemora o centenário do Dia Internacional da Mulher, elas estão cada vez mais conquistando espaços que até pouco tempo atrás eram exclusivos dos homens. A disputa pela presidência da República no País é um claro exemplo, onde duas mulheres, de partidos diferentes, devem concorrer.

"É importante lembrarmos das muitas conquistas nestes 100 anos. Mas, ainda há muito a ser conquistado. Se por um lado estamos mais nas universidades, por outro continuamos ocupando áreas menos valorizadas do mercado", declarou Silmara Conchão, 43 anos, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina do ABC e do Núcleo de Estudos de Gênero da USP (Universidade de São Paulo). Para ela, um dos pontos mais importantes da luta é a Educação Infantil. "Todos veem as diferenças entre homem e mulher como naturais. Existem as biológicas, sim, mas elas são mais culturais. É preciso uma educação sem distinção", opinou Silmara, que mora em Santo André e participa do movimento de mulheres do Grande ABC desde a década de 1980.

Diversas mulheres de vários segmentos, ouvidas pelo Diário, dividem a mesma opinião. "A mulher ainda precisa provar que é capaz. Por isso trabalha, estuda e se desgasta mais", afirmou a vendedora de Ribeirão Pires Thais Gonçalves, 24, que se tornou mãe há sete meses e não conta com o marido, metalúrgico, nas tarefas domésticas e nos cuidados com o bebê. Já Ângela Maria Correa, 37, comemora a posição conquistada. "Meu marido faz a parte dele. Dividimos as tarefas em casa e aonde trabalhamos. Temos uma pizzaria e nos revezamos no balcão", contou a operadora de máquinas, que advertiu: "O machismo ainda não foi quebrado."

Aos 53 anos, a atriz Cristiane Torloni atesta a mudança no comportamento. Atualmente, ela interpreta no teatro a versão feminina da peça de Renato Borghi, A Loba de Ray-Ban. "Represento um papel escrito para homem, interpretado por Raul Cortez, usando o mesmo texto. Isso representa uma mudança de postura. As mulheres do século passado deixaram herança magnífica para o século 21. O direito ao voto, a pílula anticoncepcional. Hoje somos donas do nosso corpo", disse.

Dulce Xavier, militante de São Bernardo que começou na Pastoral Operária, ressaltou a importância de se conquistar mais espaços na política. "O movimento sente necessidade de aprovar determinadas leis", observou Dulce.

Data nasceu em Conferência da Mulher

Diversas datas e acontecimentos marcam o surgimento do Dia Internacional da Mulher. Mas foi durante a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Compenhague, Dinamarca, em 1910, que a socialista alemã Clara Zetkin propôs uma data para o Woman''s Day (Dia da Mulher), o que acabou internacionalizando o evento e passou a ser comemorado em diversos países, em momentos diferentes do ano.

O primeiro Woman''s Day foi comemorado em Chicago, nos Estados Unidos, em 1908, quando o país fervilhava com manifestações de mulheres operárias que denunciavam a exploração do segmento, defendendo a autonomia das mulheres, incluindo o direito ao voto, conquistado em 1920, nos EUA.

Foi na Alemanha, em 1914, que ocorreu no dia 8 pela primeira vez o Dia da Mulher, por ser uma data mais prática naquele ano. Muitas mulheres, no entanto, atribuem o 8 de março de 1917 como provável motivo para a fixação da homenagem. Naquele dia, operárias russas deram início a uma greve que acabou culminando na Revolução Russa. O fato é mencionado em documentos históricos, escritos por um dos dirigentes da revolução, Leon Trotsky. Em 1921, surge a proposta de se fixar o dia como oficial em todo o mundo, que passou a ser comemorado a partir de 1922, como símbolo da participação feminina nas atividades de transformação social.

FEMINISMO - "Para me descobrir feminina precisei me tornar feminista antes. Ser feminista não significa que não gostamos de homens e que só pensamos do ponto de vista feminino. O feminismo hoje convida todos os segmentos para lutarem juntos por melhores condições de vida", afirmou Vanda Terra, 45 anos, da Marcha Mundial de Mulheres do ABC, criada em outubro do ano passado. A organização começou em 2000 em diversas partes do mundo. Neste ano, aproximadamente 3.000 mulheres marcharão de Campinas a Capital, a partir de hoje até o dia 18, fazendo pausas para descanso, alimentação e atividades ao longo do caminho.

Fonte: Diário do Grande ABC

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