quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Bancários assinam acordo inédito contra o Assédio Moral

24/01/2011 - SINDICAL
Bancários terão canal para denunciar assédio moral
Por: Redação (pauta@abcdmaior.com.br)

Contraf-CUT e Fenaban assinam nesta quarta acordo inédito de combate ao assédio moral

A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e mais de 50 sindicatos de bancários de todo País assinam nesta quarta-feira (26/01), um acordo inédito com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). O instrumento, previsto na convenção coletiva, define um canal específico para apurar as denúncias de assédio moral dos trabalhadores, que poderão ser encaminhadas pelos sindicatos aos bancos.

“Trata-se de uma das principais conquistas da Campanha Nacional dos Bancários de 2010”, comemora Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

O acordo será firmado com cinco bancos privados: Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC e Citibank. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal já instalaram comitês de ética no ano passado, após negociações específicas com as entidades sindicais em 2009, com igual finalidade de apuração das denúncias de assédio moral nas instituições.

“Os bancos aplicam metas abusivas para a venda de produtos aos clientes, muitos desnecessários para a vida das pessoas, apelando para situações de pressão, constrangimento e humilhação no trabalho, que trazem estresse, adoecimento e depressão”, denuncia Carlos Cordeiro. “As doenças mentais são hoje uma das principais responsáveis pelo afastamento do trabalho e inclusive vários bancos já foram condenados em ações judiciais ao pagamento de pesadas indenizações”, aponta o presidente da Contraf-CUT.

"As doenças físicas e psíquicas vêm crescendo de forma assustadora na categoria. Atualmente, a cada mês 1.200 bancários em média são afastados por auxílio-doença concedido pelo INSS, dos quais a metade por transtornos mentais e por Lesões por Esforços Repetitivos (LER/DORT)”, destaca Plínio Pavão, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT. “Os transtornos mentais vão desde uma pequena depressão até tentativa de suicídio. São doenças comprovadamente geradas ou agravadas pelo atual modelo organizacional dos bancos, onde imperam a pressão brutal por cumprimento de metas excessivas e o assédio moral”, explica.

No acordo, os bancos comprometem-se a declarar explicitamente condenação a qualquer ato de assédio e reconhecem que o objetivo é alcançar a valorização de todos os empregados, promovendo o respeito à diversidade, à cooperação e ao trabalho em equipe, em um ambiente saudável.


A Fenaban deverá fazer uma avaliação semestral do programa, com a apresentação de dados estatísticos setoriais, devendo ser criados indicadores que avaliem seu desempenho.

Os bancários poderão fazer denúncias nos sindicatos. O denunciante deverá se identificar para que a entidade possa dar o devido retorno ao trabalhador. O sigilo será mantido junto ao banco e o sindicato terá prazo de dez dias úteis para apresentar a denúncia ao banco. Após receber a denúncia, o banco terá 60 dias corridos para apurar o caso e prestar esclarecimentos ao sindicato.

As denúncias apresentadas ao sindicato de forma anônima continuarão sendo apuradas pelas entidades, mas fora das regras desse programa.

"Vamos começar 2011 consolidando a conquista do combate ao assédio moral, abrindo uma nova etapa no enfrentamento de um dos graves problemas dos bancários, pois ele acaba com a saúde e a dignidade do trabalhador", conclui Carlos Cordeiro.

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