Folha Online
13/02/2008
O cultivo de alimentos transgênicos no mundo atingiu cerca de 114 milhões de hectares (crescimento de 12% em relação a 2006) e deve dobrar até 2015, segundo estudo feito pela organização não-governamental ISAAA (Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas, na sigla em inglês) e antecipado pelo jornal britânico "Financial Times" ("FT")
A expectativa da ISAAA é de que cerca de 100 milhões de agricultores irão cultivar 200 milhões de hectares com alimentos transgênicos em 45 países até 2015.
"Em um momento em que os preços das commodities estão disparando e os da energia estão nas alturas é preciso ter uma tecnologia que amplie o lado da oferta e traga para baixo os custos de produção, e isso é o que temos com essa tecnologia", disse o presidente e fundador da organização, Clive James, segundo o "FT".
"Cerca de 70% dos pobres do mundo estão ligados à agricultura e cerca de 50% dessas pessoas praticam agricultura de subsistência (...) Aumentar a renda de pequenos agricultores contribui para aliviar a pobreza entre as pessoas mais pobres."
De acordo com o estudo, mais de 12 milhões de agricultores cultivaram alimentos transgênicos no ano passado. O mercado global para sementes transgênicas tem crescido cerca de 12% ao ano, diz o "FT" --que acrescenta que o uso dessas sementes aumentam a produtividade por hectare principalmente por oferecerem maior proteção contra ataques de insetos e doenças.
Estados Unidos e Argentina são os países que dedicam mais espaço para o cultivo de transgênicos, diz o estudo (com 57,7 milhões e 19 milhões de hectares respectivamente). Atualmente 23 países plantam alimentos transgênicos e outros 29 permitem a importação de alimentos ou rações para animais. Segundo o estudo, países como Vietnã, Egito e Burkina Fasso podem adotar o plantio de transgênicos nos próximos dois anos.
Brasil
No Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) ratificou a decisão de liberar o plantio e comercialização de duas variedades de milho transgênico : a Guardian (desenvolvida pela empresa norte-americana Monsanto e resistente a insetos) e a Libertlink (da alemã Bayer e resistente ao herbicida glufosinato de amônio, utilizado na pulverização para combater ervas daninhas).
"Esses dois milhos que foram aprovados tiveram estudos conduzidos por praticamente um ano, e finalmente temos a aprovação final do Conselho Nacional de Biossegurança", disse o ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
O ministro admitiu, entretanto, que "há sementes que estão sendo utilizadas sem a devida autorização" e disse que agora cabe ao Ministério da Agricultura regular a questão --inclusive decidir se autoriza a venda do milho das lavouras plantadas com sementes geneticamente modificadas antes mesmo da autorização.
Antes do milho, o Brasil já havia liberado a soja transgênica, em 1997, e o algodão, em 2000.
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