quinta-feira, 24 de abril de 2008

Siderúrgica lidera poluição em São Paulo

Fonte: Folha São Paulo - 24/04/2008

Cosipa é a campeã da lista de cem empresas que mais emitem gás carbônico divulgada ontem pelo governo do Estado


Refinarias da Petrobras também estão no topo do ranking; empresas afirmam ter ações de redução das emissões de CO2



AFRA BALAZINA



DA REPORTAGEM LOCAL




A Secretaria Estadual do
Meio Ambiente divulgou ontem na internet (www.cetesb.sp.gov.br/100co2.pdf) a lista
das cem indústrias paulistas
campeãs em emissão de gás
carbônico (CO2), o principal
gás de efeito estufa.

A Cosipa, em Cubatão, é a
primeira do ranking, seguida
por três refinarias da Petrobras
-a Replan, em Paulínia, a Revap, em São José dos Campos, e
a RPBC, também em Cubatão.

No total, as oito indústrias
que mais emitem o poluente
em São Paulo são responsáveis
por 63% das emissões do setor,
ou 18,2 milhões de toneladas ao
ano (veja quadro nesta página).

No total, as cem indústrias
do levantamento emitem 29
milhões de toneladas ao ano.

O setor petroquímico é o que
tem maior potencial de emissão. Na seqüência, está o de aço
e ferro-gusa e, depois, o de minerais não-metálicos.

Para realizar o inventário, foram selecionadas 371 empresas
do Estado a partir da relação
das indústrias com maior potencial de emissão de CO2.

De forma voluntária, 329
empresas enviaram as informações solicitadas.

Das indústrias que compõem
o levantamento, 54,1% declararam ter previsão de ampliação
nos próximos cinco anos que
implicarão aumento das emissões estimadas no inventário.

O secretário estadual Xico
Graziano (Meio Ambiente)
afirma que a avaliação deve ser
feita a cada dois anos, de forma
a acompanhar e "atestar as melhorias" no setor.

Com a lista, afirmou ele, o
Estado demonstra sua preocupação com a questão do aquecimento global e entra, dessa forma, na agenda mundial.

Segundo Marcelo Minelli, diretor de Engenharia, Tecnologia e Qualidade Ambiental da
Cetesb (agência ambiental
paulista), as indústrias listadas
não chegam a ser uma surpresa. "São as mesmas suspeitas
de sempre. Mas é importante
ter os dados para acompanhar
e cobrar reduções."

As estimativas de emissão foram baseadas na metodologia
simplificada do IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas), e considerou o consumo de combustível
e a produção industrial informada por cada empresa.

Para José Goldemberg, ex-secretário estadual do Meio
Ambiente e idealizador do inventário, a identificação dos
grandes setores emissores de
CO2 serve como um incentivo à
adoção de metas de redução,
sem que isso seja um instrumento punitivo.

O próximo passo, segundo
Graziano, é fazer inventários
de outros setores que emitem o
gás de efeito estufa, como os de
energia, transporte e comércio.

"O fato de as empresas fornecerem voluntariamente as informações mostra que a indústria não tem nada a temer",
afirmou Nelson Pereira dos
Reis, diretor do departamento
de meio ambiente da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo).

No entanto, ele disse considerar "extemporânea a divulgação [da lista], pois não vai
ajudar em absolutamente nada". De acordo com Reis, entre
2001 e 2006 a indústria química/petroquímica reduziu suas
emissões em 15%.



Medidas para redução

A Cosipa afirmou que o processo siderúrgico gera emissão de CO2 e que
as siderúrgicas vêm trabalhando mundialmente "para otimizar a sua
matriz energética de forma a reduzir a quantidade de energia para
produção de aço".

"Nos últimos 10 anos, a Cosipa investiu US$ 336 milhões
em gestão e equipamentos de
controle ambiental e tem adquirido sistematicamente
equipamentos com a melhor
tecnologia mundial", afirmou.

A empresa citou ainda ações
como a "substituição do consumo de óleo combustível por gás
natural, que tem um fator de
emissão 20% menor" e "a substituição de caldeiras por outras
de alta eficiência".

De acordo com a Petrobras,
todas as suas refinarias seguem
rigorosamente a legislação dos
Estados onde estão instaladas.
A empresa afirma que tem investido para reduzir as emissões e que, até 2012, gastará
US$ 8,5 bilhões na melhoria
dos combustíveis.

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