terça-feira, 20 de maio de 2008

Doenças do trabalho em números

Fonte: DCI. 19/05/2008

Marcelo Brocchi

Brasil gastou cerca de R$ 1 bi, em cinco anos, com o pagamento de auxílio-doença a bancários com lesões.
Os números assustam. O Brasil gastou cerca de R$ 1 bi, em um período de cinco anos, com o pagamento de auxílio-doença a funcionários do setor bancário por conta de LER/DORT. Se você não sabe do que se trata, são as lesões por esforço repetitivo (LER), que atualmente convencionou-se chamar de DORT: distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Essa síndrome foi descoberta por volta do século XVIII e era conhecida como a "doença dos escribas".
Atualmente, temos o setor bancário como primeiro no ranking dos gastos do governo com afastamentos do trabalho por conta de LER/DORT.
O problema, entretanto, não é restrito a essa profissão, já que vários profissionais podem desenvolver lesões no horário do expediente. Entre eles, estão os operadores de telemarketing, os do mercado financeiro, executivos, motoristas de ônibus, ascensoristas, estoquistas de lojas e até mesmo as costureiras.
Posso afirmar então que quase ninguém escapa, caso não haja um planejamento preventivo. A grande questão a ser discutida é a responsabilidade compartilhada entre empregador e empregado quando o assunto é saúde. Pense bem, caro leitor, a empresa é comprometida em prover um ambiente saudável, em que seus funcionários possam trabalhar com segurança e motivação. Isso está garantido pelas leis do Ministério do Trabalho. Mas também não exclui a responsabilidade do funcionário.
Como é crescente o número de vagas informatizadas, vamos tomar como exemplo um operador de telemarketing que conviva durante seis horas por dia com computador.
Nesse caso, a empresa deve manter cadeiras ergonômicas e mesas reguladas para a altura de cada profissional, além de uma iluminação adequada e até nível de ruídos, para não prejudicar a saúde emocional e do aparelho auditivo do empregado. Se o ambiente também predispõe ao estresse, a empresa, mais uma vez, é responsável.
Você sabia que é preciso fazer uma pausa a cada 50 minutos de trabalho no computador? Isso mesmo, o funcionário tem 10 minutos de descanso garantidos por lei. Então, em uma empresa responsável, essa "paradinha" é algo comum e necessário. Além de oferecer um descanso para as mãos e para os olhos, ajuda a tranqüilizar a mente.
Por outro lado, se o funcionário não respeita essa norma e continua digitando por mais tempo, teremos um candidato a desenvolver um quadro de LER/DORT, possivelmente uma tendinite ou patologia similar.
Fica claro então perceber o porquê de falarmos em co-responsabilidade no assunto. Empregadores e empregados precisam estar do mesmo lado. Pouco adiantará investir em aparatos técnicos na hora do expediente se o funcionário não fizer a sua parte. Se ele não mantiver uma postura adequada ao sentar-se, se não respeitar a distância mínima entre os olhos e o monitor e se abusar do volume do headset, por exemplo.
Como existem muitas normas reguladoras para evitar essas lesões, o ideal é que a empresa conte com a ajuda de um profissional de Segurança e Medicina do Trabalho. Ele será o responsável por avaliar todos os possíveis riscos a que aquele ambiente expõe os funcionários.
Os pontos críticos serão avaliados com precisão e corrigidos. Os empregados também deverão receber treinamentos para saberem como proteger sua saúde ao trabalhar. Esses cursos serão oferecidos regularmente, tanto para novos contratados quanto para funcionários mais antigos que passarão por reciclagens.
Afirmo então, sem nenhuma demagogia, que a empresa só tem a ganhar ao cumprir a lei. Ela ganha em produtividade por oferecer condições adequadas e, caso seu funcionário venha a desenvolver LER/DORT, ficará fácil comprovar que a causa não foi negligência por parte da corporação. Daí, a empresa também se livra das possíveis multas e dos passivos trabalhistas.



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