quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Protesto contra cortes reúne 5.000 no ABC

Fonte: Folha de São Paulo

Metalúrgicos ligados à CUT defendem manutenção de emprego sem redução de salário; sindicalista encontra Lula hoje

Centrais convocam para hoje manifestações em protesto contra a atual taxa de juros e para unificar pauta de reivindicações

Cerca de 5.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram ontem do protesto dos metalúrgicos do ABC organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, em defesa do emprego sem redução de salário.
A central contabilizou 12 mil trabalhadores. "A única maneira de atravessarmos este momento difícil é lutar pela garantia de empregos e salários. Por isso é preciso tomar as ruas, literalmente, como estamos fazendo agora", disse Artur Henrique da Silva, presidente da CUT, durante o ato.
Hoje, Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à central, deve se encontrar com o presidente Lula no Palácio do Planalto. A categoria propõe que sejam estabelecidas metas de produção e emprego com debates setoriais entre trabalhadores, empresários e governos sobre as medidas necessárias para atingir os objetivos.
Também hoje as centrais sindicais realizam manifestações contra a política monetária de juros altos, pleiteando a redução de dois pontos percentuais na taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
O ato vai acontecer em vários Estados, incluindo São Paulo, e Brasília, onde serão realizados em frente ao prédio do Banco Central. Na capital paulista, são esperados cerca de 10 mil trabalhadores.
A redução de jornada sem diminuição de salário é defendida pela CUT e pela UGT (União Geral dos Trabalhadores). Já a Força Sindical, segundo o secretário-geral, João Carlos Gonçalves, o Juruna, aceita o encolhimento na renda mensal desde que o trabalhador tenha estabilidade pelo dobro do tempo em que isso acontecer.
Outros pontos, como as reduções da Selic, do "spread" bancário (diferença entre taxas de captação e de repasse de empréstimos) e do superávit primário, além da ampliação dos aportes ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para a qualificação profissional e a manutenção das vagas nas empresas que receberem recursos públicos ou tiverem redução de impostos, são reivindicações comuns (veja quadro abaixo).
O objetivo do protesto de hoje também é unificar os sindicatos. "Só melhoram [as condições de negociação] se houver pressão", disse Juruna. Ricardo Patah, presidente da UGT, acrescenta que, quanto mais unido estiver o movimento sindical, maior a possibilidade de que os argumentos dos trabalhadores sejam ouvidos. Já Artur Henrique ressalta que os empresários também têm seus mecanismos de pressão.
Ontem, os trabalhadores da unidade da Lapa do Grupo Delga entraram em greve por tempo indeterminado em protesto contra a demissão de 85 trabalhadores da fábrica, que emprega 700, segundo Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi, ligado à Força. A empresa confirma que 71 funcionários foram dispensados.
Na Engemet, houve paralisação das atividades das 6h às 9h30 em protesto contra o anúncio de demissão de 70 dos 170 empregados, mas as negociações com o sindicato continuam. A empresa fabrica componentes para a indústria automotiva e, segundo o diretor comercial, Ricardo Hoffmann, teve uma queda de 60% no faturamento de dezembro e de janeiro no confronto com a receita obtida em setembro.
"Outras empresas estão fazendo acordos para evitar as demissões", ressaltou Torres, citando duas que aceitaram a suspensão temporária do contrato de trabalho.
Ontem, na reunião com mais de 50 sindicatos de metalúrgicos do Estado filiados à Força Sindical, foi reiterado que as negociações com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) continuarão em busca de um acordo "guarda-chuva", deixando cada entidade livre para decidir a melhor forma de evitar demissões dentro dos parâmetros que serão definidos pelas duas entidades.

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