quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Morte em acidente de trabalho sobe 45% - 25/02/2009

 

Morte em acidente de trabalho
sobe 45%

Enquanto 55 pessoas morreram em acidentes de trabalho em 2006, total chegou a 80 em 2007, revela estudo do ministério

Aumento apontado pelo Ministério da Previdência na região de Ribeirão Preto é maior que o verificado em São Paulo (14,6%)

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
As mortes causadas por acidentes de trabalho na macrorregião de Ribeirão Preto aumentaram 45% de 2006 para 2007, de acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho do Ministério da Previdência Social.
Em 2006, 55 pessoas morreram em acidentes dentro do local de trabalho, no trajeto para casa ou em decorrência de doenças contraídas em serviço nas 89 localidades da região de Ribeirão Preto. No ano seguinte, o número saltou para 80.
O crescimento, justificado, em partes, pelo aumento também no número absoluto de trabalhadores, foi bem maior do que o registrado no Estado no mesmo período.
Foram 668 em 2006, contra 766 no ano seguinte, alta de 14,6%, um terço do que apontou o levantamento mais recente -foi divulgado este ano. No país, o número de mortes se manteve estável. Em 2007 foram 2.804, seis casos a mais do que no ano anterior.
Ribeirão Preto, uma das localidades com aumento mais significativo, lidera o ranking de mortes na região: foi de cinco para nove casos no período de um ano.
Araraquara dobrou de três para seis óbitos. Monte Azul Paulista, que não computou nenhuma morte em 2006, teve cinco no ano retrasado e assumiu a terceira posição na lista. São Carlos e Taquaritinga, também com cinco mortes cada uma registradas em 2007, completam a lista dos cinco primeiros municípios do ranking.
Para o subdelegado do Ministério do Trabalho em Ribeirão, Paulo Cristino da Silva, responsável por 32 municípios da região, o crescimento não preocupa por si só, mas é preciso analisar a natureza dos casos.
"É preciso, em primeiro lugar ver se há uma tendência de crescimento. Se existir, precisamos ver caso a caso. Quando acontecem mortes, invariavelmente apuramos para atribuir responsabilidade e cobrar melhorias para que não volte a acontecer." Em dois casos registrados em Jaboticabal e Ribeirão, em janeiro deste ano, o ministério viu irregularidades (leia texto nesta página).
Em relação ao número absoluto de acidentes, Franca se destaca. Apesar de apresentar queda no número de mortes (de quatro para duas), viu crescer 55% os casos de acidentes, de 1.245 para 1.936, a maioria no percurso ou típicos -dentro da empresa.
No índice total de acidentes, Ribeirão Preto aparece mais uma vez na liderança do ranking em números absolutos, com 3.813 casos. Araraquara, São Carlos e Sertãozinho, cidades com foco nos trabalhos industriais e agrícolas, aparecem na sequência.
Um dos 1.237 acidentados em Sertãozinho foi Paulo dos Santos, 50, que teve as duas pernas esmagadas por um tubo de cinco toneladas dentro da metalúrgica em que trabalhava. O caso aconteceu em março do ano passado, mas desde o ano anterior ele reclamava de dores nas costas por conta do esforço no trabalho.
Afastado até hoje pelo INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), ele entrou na Justiça contra a empresa para tentar receber os gastos com remédios e recuperação.
"Enquanto sentia dores, eu pensei na empresa e fiquei. Quando sofri o acidente, eles não fizeram o mesmo por mim", afirmou o metalúrgico, que precisou que seu filho pedisse demissão de onde trabalhava para ajudá-lo a voltar a caminhar.
"Muitos nos procuram com o mesmo problema. Tentamos orientá-los para não saírem no prejuízo enquanto os patrões só visam o lucro", afirmou Élio Cândido, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho e Região.

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