sábado, 20 de dezembro de 2008

Polícia chinesa prende operários em fábrica para evitar protesto

Fonte: Folha de São Paulo

Demissões em pólo exportador acirram tensão social;

Pequim admite que desemprego é "muito maior" do que dado oficialFechamento de fábrica sem o pagamento integral de salários provocou protesto; operários relatam agressões e criticam o poder local

DA REDAÇÃO Centenas de trabalhadores chineses foram mantidos pela polícia em uma fábrica para impedir que protestassem em Dongguan, na Província de Cantão, pólo de exportação duramente atingido pela crise econômica global. Mais de 7.000 empresas da Província fecharam ou se mudaram nos últimos nove meses, segundo o jornal estatal "China Daily".
O prédio da fábrica de malas Jianrong e o dormitório dos operários foram cercados pela polícia e, segundo Zhang Guohua, um líder dos trabalhadores ouvido pela Associated Press, cerca de 300 pessoas ficaram retidas nos edifícios.
O conflito começou na última segunda-feira, quando a fábrica encerrou atividades e, segundo Guohua, propôs pagar aos funcionários apenas 60% dos salários dos últimos dois meses. Revoltados, os operários marcharam até a sede do governo local, onde fizeram vigília até serem forçados pela polícia a voltar para a fábrica."Uma menina tentou sair do dormitório, mas bateram na cabeça dela com um cassetete metálico e ela foi internada com lesões graves. Não querem que a gente proteste. Se tentarmos sair, eles baterão na gente ainda mais", disse Guohua, por celular, do dormitório. Os operários de Dongguan são com freqüência migrantes camponeses que vivem nas próprias fábricas, longe das famílias."Eles estão tentando nos trancar porque não querem que a gente saia e a imprensa internacional registre nosso protesto", afirmou Dai Houxue, que escapou com cerca de cem colegas do cerco policial.
Demissões e retração salarial têm acirrado tensões em Cantão, Província vizinha a Hong Kong, e em outras zonas industriais chinesas. O retorno maciço de migrantes, expulsos das cidades pelo desemprego, foi noticiado ontem pela agência estatal Xinhua, que enfatizou os esforços dos governos regionais para conter a crise social."O desemprego real é muito mais grave do que mostram as estatísticas oficiais, baseadas no registrado entre trabalhadores urbanos", admitiu ontem o conselheiro de Estado Chen Quansheng . Ele estima que 6,7 milhões de postos de trabalho tenham sido extintos, muitos deles em Cantão.Segundo relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais publicado nesta semana, o desemprego urbano atingiu 9,4% -o dobro do índice oficial. Jovens migrantes e recém-formados são os mais atingidos.Pequim teme que o arrefecimento do "milagre econômico" chinês acirre as tensões sociais, mitigadas pela melhoria contínua do padrão de vida dos chineses nas duas últimas décadas, apesar do aumento das desigualdades. A China anunciou, no mês passado, um pacote de estimulo econômico de US$ 586 bilhões, focado em obras de infra-estrutura e no estímulo ao consumo doméstico.Com agências internacionais

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