terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Salário acima da média é para poucos

Fonte: Folha de São Paulo

Empresas disputam pessoas com deficiência "leve"

Em grande parte dos casos, profissionais com deficiência encontram todo tipo de obstáculos no mercado de trabalho. Porém, para um grupo bem restrito -com ensino médio completo e, principalmente, uma deficiência considerada "leve" por empregadores-, a situação muda totalmente, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
"Hoje, um assistente administrativo [deficiente], com ensino médio completo e sem experiência, consegue remuneração de até R$ 1.200 -a média é de R$ 800. Há disputa das empresas [por alguns profissionais]", diz Ricardo de Carvalho, gerente da CS4 Consultoria.
Segundo ele, estão fora dessa lista cadeirantes, cegos e surdos, já que, para recebê-los, as firmas teriam de fazer investimentos em infra-estrutura.
Da mesma opinião compartilham entidades que atuam com inclusão, como Instituto Paradigma e Avape.
De acordo com a Rais 2007 (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, deficientes têm salários superiores aos dos demais -mas a diferença é mínima. Os primeiros têm ganho mensal de R$ 1.390; os demais, de R$1.356.
Isso porque, enfatiza a coordenadora da Rede Saci, Ana Maria Barbosa, salários muito elevados são uma realidade restrita a um grupo pequeno, que se encaixa no perfil "ideal" -e não exija mudanças culturais ou estruturais na firma.
"Esse panorama não se aplica ao todo. Assim como a imagem de que quem tem um bom currículo não se compromete."
A demanda por profissionais, segundo consultores, tem estado aquecida. Mas, no fim do ano, costuma inflar mais.
"Nessa época, começa uma corrida para contratar e cumprir [as cotas]", pontua Claudio Tavares, analista de gestão de RH da Deficiente Online.
"Algumas empresas nem integram as pessoas", diz Rosana Moreira, sócia da Incluir RH.

Política inclusiva
Para gerentes e diretores de recursos humanos, plano de carreira e ambiente inclusivo são suficientes para manter a rotatividade sob controle.
Consultados pela Folha, responsáveis pelas áreas de RH de grandes empresas, como Natura, Santander, Whirlpool e Grupo Astra, afirmam manter o "turnover" baixo devido à política interna, que abrange investimento em qualificação e oportunidade de ascensão.

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